Em mais um capítulo da retórica violenta da família Bolsonaro, o filho zero três do ex-presidente – o senhor inelegível – destilou palavras recheadas de ódio e preconceito neste domingo, 9.
Durante discurso em uma marcha pró-armas na capital do país, o deputado federal Eduardo Bolsonaro afirmou que os “professores doutrinadores” são piores do que traficantes de drogas.
Oi?
Como poderia um professor ser pior do que um traficante? É que, na narrativa bolsonarista, o “professor doutrinador” faz parte de uma invenção – a pretensa “evangelização” marxista e a inclusão da “ideologia de gênero” nas escolas.
Invenção que não começou hoje, mas em 2014, quando o clã Bolsonaro se apoderou de projetos de lei “Escola Sem Partido”. Desde então, professores são vistos pela extrema-direita como uma ameaça.
“Se tivermos uma geração de pais que prestem atenção na criação dos filhos, tirem um tempo para ver o que eles aprendem nas escolas, não vai ter espaço para professor doutrinador querer sequestrar as nossas crianças. Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas que tenta sequestrar e levar nossos filhos para o mundo do crime”, disse o zero três.
Depois, alegou que um “professor doutrinador” é capaz de estremecer relações familiares. “Talvez até o professor doutrinador seja pior, porque ele vai causar discórdia dentro da sua casa, enxergando opressão em todo tipo de relação. Ele vai falar que o pai oprime a mãe, a mãe oprime o filho e que a instituição chamada família tem que ser destruída”, afirmou, em mais uma série de besteirol.
Se isso é um “professor doutrinador”, está tudo bem. Não queremos mesmo que filhos aceitem e normalizem abusos familiares, de nenhuma das partes.
Mas não é essa a preocupação do Bolsonarismo. Também não é a de que os jovens brasileiros sejam educados com valores constitucionais de direito à educação e à liberdade.
A única coisa que o bolsonarismo quer é manter acesa uma guerra cultural. E essa guerra começa pelos professores. A educação é um dos territórios de luta cultural da extrema-direita. Existem outros.
Bolsonaro e seu exército dificultaram e continuam dificultando, com esse tipo de discurso, qualquer discussão séria sobre educação e cultura que não seja agregada à esquerda.
Para piorar o horror, o deputado citou, no mesmo evento, passagem bíblica que a mulher deve ser submissa ao homem – trecho tirado de contexto em outras ocasiões pela extrema-direita.
A luta diária de sobrevivência da mulher não tem qualquer aderência com essa ideia de que a função é ser adereço na vida dos homens. O mesmo se pode dizer de professores. Eles não podem ser difamados e desonrados apenas porque o filhote do extremismo quer aparecer em um evento pró revólveres, escopetas e espingardas.