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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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O que se sabe sobre o sumiço do indigenista e do jornalista na Amazônia

A coluna faz um apelo para que as forças de segurança não meçam esforços para encontrá-los

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 jun 2022, 11h27 - Publicado em 6 jun 2022, 19h47

O Brasil é o país com o maior número de indígenas isolados do mundo. A região do Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, é o local onde estão 25% desses povos que não têm contato com os outros 200 milhões de brasileiros.

Foi nessa região que o indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), desapareceu acompanhado do jornalista inglês Dom Phillips, competente colaborador do jornal The Guardian.

O servidor público da Funai é hoje o maior conhecedor desses grupos de indígenas isolados. Bruno Araújo Pereira foi coordenador-geral de índios isolados e recém-contatados dentro do órgão público.

Acabou sendo responsável pela maior expedição dos últimos 20 anos – seja em mobilização de pessoal, seja de orçamento – para fazer contato com um grupo de índios isolados, ação revelada pela coluna em 2019.

Bruno Araújo Pereira acabou também sendo muito perseguido pelo seu trabalho, seja fisicamente – por bandidos armados como caçadores e garimpeiros ilegais –, seja psicologicamente – por integrantes do governo Jair Bolsonaro. A gestão colocou a Funai no colo de uma parte da ala ideológica da extrema direita bolsonarista.

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Foram os evangélicos, após a posse de Jair Bolsonaro, que ficaram com a função de cuidar de um dos segredos mais importantes do Estado brasileiro: a localização desses povos originários. Internamente na Funai, um grupo pequeno de servidores tem o “mapa dos indígenas isolados” no Brasil.

Interações com povos indígenas no passado levaram a tragédias, com a morte de até 70% da população de índios por doenças como gripe ou sarampo, porque as tribos não têm imunidade. Daí um dos motivos da manutenção dessas informações sob sigilo. Existem outros.

Segundo informado à coluna, o jornalista Dom Phillips teria registrado, recentemente, ameaças contra Bruno Araújo Pereira, que já deu entrevista para a coluna em algumas ocasiões em que se iniciaram conflitos, especialmente na região do Vale do Javari, onde os dois desapareceram.

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Apesar de terem aumentado consideravelmente as invasões na área por garimpeiros e caçadores, como relatado pela coluna em 2019, ainda não se pode fazer hipóteses firmes sobre o que houve para o desaparecimento dos dois.

Polícia Federal, Marinha e Força Nacional estão fazendo varreduras no trecho entre a comunidade São Rafael e o município de Atalaia do Norte (AM), onde teria ocorrido o desaparecimento, mas falta, por exemplo, um helicóptero que poderia acelerar as buscas.

A coluna entrou em contato com pessoas próximas de Bruno Araújo Pereira. O barco usado por eles – Bruno e Dom Phillips – era novo e o servidor da Funai tem vasta experiência na condução dessas embarcações.

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A melhor das hipóteses é que eles tenham saído do leito principal do rio e estejam presos em canais menores, após as cheias. A pior seria o encontro com caçadores e desmatadores, que ameaçavam Bruno constantemente.

A coluna faz um apelo para que as forças de segurança não meçam esforços para encontrá-los.

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