Quem acompanhou o 1º turno da eleição em São Paulo talvez esteja em choque com o convite de Pablo Marçal para uma “sabatina” com Guilherme Boulos, planejada para ser uma espécie de “entrevista de emprego”.
A depender do tamanho de sua inocência, o candidato do PSOL comparecerá, com o argumento de que, nesta hora, vale tudo para conquistar o voto do eleitor – em especial aquele que optou pelo ex-coach no dia 6 de outubro.
Para se dispor ao papel de cordeiro, Boulos precisará fechar os olhos para os crimes cometidos por Marçal contra ele ou de seus integrantes de campanha contra outros adversários.
Pablo Marçal inventou que Boulos foi internado numa clínica por ser viciado em drogas e, no debate no Flow, acabou expulso nos últimos segundos, dando a senha para o soco no marqueteiro de Ricardo Nunes.
Na retórica pirotécnica das redes, Boulos sofrei com o ex-coach. Em todos os embates com Marçal – do deboche com a carteira de trabalho em riste às infundadas acusações de uso de drogas –, levou a pior.
É improvável, portanto, que, agora, no momento em que Marçal não tem nada a perder, Boulos saia da sabatina melhor do que entrou. Pelo contrário, sairá ainda mais desfeiteado do que das outras vezes.
E a razão é óbvia: o que Marçal ganharia ajudando Boulos? Coisa nenhuma.
Por outro lado, se na véspera do 2º turno impõe a Boulos um vexame extraordinário – como o que pretendeu ao divulgar o laudo falso na iminência da abertura das urnas –, poderá reivindicar parte do eventual êxito de Ricardo Nunes.
Assim, cravará a bandeira do marçalismo num território que Ricardo Nunes, Tarcísio de Freitas e Jair Bolsonaro fizeram questão de lhe privar. Será o seu último ato de campanha – ponte para 2026.