O presidente Lula abriu a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro colocando o dedo nos olhos dos líderes das maiores economias do mundo ao afirmar que o mundo está pior do que há 16 anos, na primeira reunião de líderes do grupo, convocada no contexto da crise financeira de 2008.
“Estive na primeira reunião de líderes do G20, convocada em Washington. Dezesseis anos depois, constato com tristeza que o mundo está pior. Temos o maior número de conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial e a maior quantidade de deslocamentos forçados já registrada”, afirmou o presidente brasileiro.
Lula continuou o retrato deste mundo pior: “os fenômenos climáticos extremos mostram seus efeitos devastadores em todos os cantos do planeta. As desigualdades sociais, raciais e de gênero se aprofundam, na esteira de uma pandemia que ceifou mais de 15 milhões de vidas”.
Depois, o petista afirmou que “símbolo máximo na nossa tragédia coletiva é a fome e a pobreza”, já que o mundo convive com um contingente de 733 milhões de pessoas ainda subnutridas. “É como se as populações do Brasil, México, Alemanha, Reino Unido, África do Sul e Canadá, somadas, estivessem passando fome”.
Além de lançar a Aliança Global contra a Fome, o legado do país na presidência do G20, Lula quer, com o duro discurso, direcionar o mundo para o enfrentamento às mudanças climáticas com a transição energética e para a reforma da governança global para resolver conflitos.
Não à toa a conclusão de Lula de que o mundo está pior pela multiplicação de guerra e da migração forçada das vítimas. Segundo a ONU, os atuais conflitos geraram deslocamentos recorde de 117 milhões de pessoas.
O presidente brasileiro usou os dados para tentar forçar o mundo a diminuir o número de conflitos armados em um momento ruim: quando a situação da guerra entre Rússia e Ucrânia tem um novo tensionamento.
Lula quer que a própria ONU tenha mais ferramentas diplomáticas para evitar que as guerras se estendam como a da própria Rússia e da Ucrânia ou como a de Israel na Faixa de Gaza que hoje está também no Líbano.
É o momento certo para fazer isso. Os países que participam do G20 no Rio de Janeiro detém de 85% do PIB mundial, 75% do comércio do planeta e 2/3 da população mundial.