O presidente Jair Bolsonaro participou de uma lanchaciata (seja lá o que for isso) em Brasília neste domingo, 15, e fez três declarações contraditórias – mais uma vez, ignorando os fatos que envolvem ele mesmo.
Primeiro, Bolsonaro afirmou que só um psicopata ou imbecil diria que os atos de 7 de setembro do ano passado foram antidemocráticos.
“Só um psicopata ou imbecil para dizer que os movimentos de 7 de setembro e 1º de maio são atos que atentam contra a democracia. Quem diz isso é psicopata ou imbecil”, declarou.
Defender o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF), estimular a crise entre os poderes, atacar as instituições e levantar faixas em defesa do AI-5, como fizeram os “manifestantes” naquele 7 de setembro, são definitivamente atos que atentam contra a democracia.
O que o presidente e seus apoiadores querem é o oposto do que a democracia quer – e Bolsonaro, é bom que se lembre, incentivou isso com seus movimentos extremistas de direita. Os atos acabaram sendo, sim, antidemocráticos e, ele, o presidente, e os brasileiros sabem disso.
Foi exatamente depois do dia da Independência em 2021, aliás, que a economia caiu de forma decisiva. O extremismo de Bolsonaro fez o dólar disparar, a bolsa cair e as projeções de crescimento ser reduzidas – problemas que atrapalham justamente o seu próprio governo.
Outra declaração mentirosa do presidente neste domingo, 15, foi em relação ao AI-5. “Um maluco levanta uma faixa lá: AI-5. Existe AI-5? Tem que ter pena do cara”, disse.
Bolsonaro é abertamente a favor da ditadura e já enalteceu torturadores. É irônico (para não dizer absurdo) que agora o presidente finja que não defende o AI-5, justamente o instrumento que institucionalizou a tortura e deu carta branca para os abusos dos ditadores que ele admira.
Ele e seus filhos já defenderam um ato nos moldes do AI-5. O deputado Eduardo Bolsonaro, por exemplo, fez isso também abertamente. Portanto, não se trata apenas de “um maluco com uma faixa”.
A última fala contraditória de Bolsonaro foi negar sua intenção de dar um golpe, algo que nega querer fazer aqui e ali, mas que, na verdade, ele flertou em boa parte do seu mandato. “Eu já sou presidente, vou dar golpe em mim mesmo? Que idiotice”, afirmou.
O próprio vice-presidente Hamilton Mourão falou durante as entrevistas de campanha em “autogolpe”. É exatamente assim, aproveitando o poder que tem para investir contra as instituições, que outros autocratas agiram.
E o presidente brasileiro age como um líder de um grupo político radical.
A exemplo do que aconteceu na Venezuela e na Hungria, com líderes extremistas de esquerda e de direita, o pensamento desses radicais é dar o golpe enquanto estão no poder.
Enquanto vai tentando enfraquecer as instituições e falar em fraude no processo eleitoral, Bolsonaro também vai enganando o povo dizendo que é contra aquilo que sempre defendeu.