O presidente Jair Bolsonaro continua a se esquivar dos assuntos que incomodam e a criar factoides para desviar o foco daquilo que realmente importa: o fracasso do seu governo.
Em sua última atuação, o presidente atacou Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), insinuando que a decisão de proibir a entrada da polícia em morros do Rio de Janeiro foi uma colaboração com o narcotráfico.
“No morro do Rio, onde o Fachin disse que a polícia não pode entrar, nem sobrevoar helicópteros, está cheio de fuzis. Virou lá um refúgio da bandidagem do Brasil todo. Parabéns, ministro Fachin! Tremenda colaboração com o narcotráfico, bandidagem de maneira geral. É justo, meus senhores, o ministro Fachin, que tirou Lula da cadeia, estar à frente do processo eleitoral?”, questionou o presidente.
Em uma única fala, três ataques graves.
Primeiro, disse que o ministro contribuiu com o narcotráfico. Segundo, que tirou Lula da cadeia (algo que o presidente já havia dito antes). Terceiro, um questionamento sobre a capacidade de Fachin, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de conduzir as eleições de 2022.
A resposta veio com rapidez e precisão. Sem citar nomes, Fachin afirmou nesta quarta, 15, que mentes autoritárias lançam desinformações para deseducar.
“É convocatório o tempo do agora. Mentes autoritárias assacam desinformações para deseducar. Cabe às mentes democráticas vigiar e educar para a paz cidadã”, afirmou.
O ministro está certo.
O que Bolsonaro quer é criar polêmica com mentiras e ataques infundados. Dessa vez, o objetivo é tentar desviar o foco de um assunto que ganhou destaque inclusive no cenário internacional.
O governo foi e continua sendo muito pressionado a dar respostas sobre o assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips, na região da Amazônia. Sempre que é questionado sobre o assunto, Bolsonaro tenta sair pela tangente de forma covarde.
Chegou a dizer o absurdo de que o que o jornalista e o indigenista estavam fazendo era uma “aventura que não é recomendável que se faça”.
Enquanto acusa Fachin de colaborar com o narcotráfico, Bolsonaro ignora o fato de que seu governo tem uma política quase inexistente de proteção ao meio ambiente, e que isso, sim, abriu as portas para o aumento dos crimes na Amazônia, incluindo o próprio narcotráfico.
Nesta semana, contudo, o presidente tentou criar cortinas de fumaça – como este ataque contra Fachin – mas o tiro saiu pela culatra.
O novo ataque de Bolsonaro contra o presidente do TSE não teve o efeito que ele, Bolsonaro, gostaria. Uma derrota para o presidente e sua estratégia de comunicação.