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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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O novo Brasil que está sendo escrito

... em festivais literários levados por Afonso Borges ao interior de Minas e do Rio de Janeiro

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 jun 2024, 19h39 - Publicado em 27 jun 2024, 18h38

Nossas dores ainda não foram expurgadas. Nenhuma delas. As dores da escravização, as dores da ditadura militar, as dores do extermínio negro e indígena, as dores da destruição da Amazônia e os demais biomas. Mas a literatura tem nos permitido expurgar em parte essas dores, tanto na ficção como na não-ficção.

Nos festivais literários organizados por Afonso Borges, Sérgio Abranches, Tom Farias e Léo Cunha, escritoras e escritores estão aprofundando a relação com o interior do Brasil.

Durante as mesas, sessões de autógrafo, encontros em livrarias, são ampliados vínculos de solidariedade entre pessoas muito diferentes – na cor de pele, no gênero, na sexualidade, nos gostos – alimentando nosso desejo comum de país solidário, onde todas as pessoas tenham direitos garantidos, incluindo o direito à literatura.

Teria sido esse o sonho de criança de Afonso Borges, hoje o maior agente cultural do Brasil? Se não foi, um país mais justo, igualitário, inclusivo, antirracista e sem preconceito de gênero começa a ganhar corpo nas caravanas que ele leva para Araxá, Itabira, Paracatu e Petrópolis.

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Ao falar e ouvir sobre nossas dores, estamos abrindo espaço para sonhar o Brasil que nunca alcançamos como sociedade. O Brasil que a literatura imagina, e que escritores e leitores podem concretizar mesmo que momentaneamente. “Os festivais de literatura cumprem, nestes tempos, um acordar do nosso sonho civilizatório para que a gente se mantenha vigilante e atento aos direitos de tudo”, disse a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, em sua participação remota no último FliAraxá. “Todos têm direito a um livro, a ser alfabetizados, a ser educados com o que é o melhor que o ser humano pode para se organizar consigo mesmo e com o outro, que é o papel da literatura”.

É emocionante, por exemplo, ouvir Conceição Evaristo compartilhar desejos de futuro logo depois de tecer em palavras um filme da história do Brasil ao ser questionada pela escritora Calila das Mercês: a menina preta favelada de Belo Horizonte, que lia na biblioteca pública nas décadas de 1950 e 60, e é hoje celebrada como uma das nossas maiores escritoras, ou a autora mais vendida do festival.

“Eu diria para a Conceição menina que as coisas estão caminhando de acordo com os desejos dela. Desde pequena, ela previa, ela queria uma coisa que não sabia bem. Hoje, essa menina está aqui, ela cresceu e não perdeu os seus princípios”, disse a rainha da literatura brasileira.

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“Antônio Cândido dizia que, assim como não é possível haver equilíbrio sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem a literatura”, lembrou também Cármen Lúcia. “Por isso que ele dizia que a literatura é o sonho acordado das civilizações. Por essa capacidade que nós temos de, ao estar com o outro nos espaços da criação, da criatividade, da construção da cultura, sermos capazes de conviver”.

Como estamos precisando conviver! E que grande possibilidade de convívio, diálogo e esperança temos a cada festival literário. Um exercício da democracia que desejamos e estamos escrevendo.

Para Eliana Alves Cruz, outra brilhante jornalista e escritora que presenteou a 12ª edição do FliAraxá, “é com o desejo de que a gente possa maternar a nossa nação, de que a nossas palavras sejam semente e que vocês continuem esse palavras, eu digo: muito obrigada pela escuta de vocês”.

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Foi assim que ela encerrou o festival. Que esse novo país semeado floresça, mesmo que aos poucos, das pequenas para as grandes cidades brasileiras.

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