O ministro de Lula que se equilibra no cargo
Em guerra com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, ministro se esforça para agradar Lula e deixa entidades do setor em compasso de espera

Em meio a uma disputa política com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, tem tentado nos últimos tempos se equilibrar no posto.
Alcolumbre já deixou clara a postura crítica à atuação do ministro e tem trabalhado ativamente para destitui-lo do cargo, segundo políticos ouvidos pela coluna. Já Silveira aposta na proximidade com o presidente Lula para permanecer na cúpula do governo.
Enquanto isso, o setor elétrico aguarda apreensivo a definição de medidas consideradas urgentes, que estão paradas há meses na mesa do ministro.
Uma delas é a divulgação de um novo edital para a realização do Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência de 2025 (LRCap 2025). O edital anterior foi cancelado no início de abril, depois que empresas acionaram a Justiça para questionar regras que não foram discutidas antes de serem incluídas no texto.
Na semana passada, Silveira chegou a dizer que pretende lançar ainda em junho uma consulta pública para a definição das diretrizes do LRCap 2025, mas não definiu a data. A demora, no entanto, torna cada vez mais apertado o prazo para que o leilão seja realizado ainda neste ano.
Segundo entidades do setor elétrico, a realização do leilão é urgente porque a contratação de novas usinas termelétricas tem a finalidade de garantir o fornecimento de energia em caso de insuficiência das usinas hidrelétricas. Ou seja, na prática, essas usinas são essenciais para garantir que não haja risco de apagão no país.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem feito alertas sistemáticos de que é preciso tomar medidas preventivas para garantir a segurança energética no segundo semestre deste ano.
Em reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico deste mês, o órgão apresentou recomendações com esse objetivo, e uma delas é maximizar a disponibilidade da geração termelétrica.
A situação é crítica principalmente na Região Sul, e o ONS afirma que a projeção de chuvas entre junho e novembro está abaixo da média histórica. A situação para os anos seguintes pode ser ainda mais grave, tendo em vista as previsões de situações climáticas extremas e a expansão de geração renovável intermitente, evidenciando a urgência da inclusão de usinas despacháveis no sistema.
Em meio aos alertas, o ministro vem anunciando medidas com potencial para ampliar a popularidade do governo, como a tarifa social de energia, prevista na medida provisória da Reforma do Setor Elétrico. Silveira também esteve presente nas comitivas mais recentes do presidente, e visitou China, Rússia e França nos últimos dois meses.