
Os 8 minutos de áudio do ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU), divulgados nesta segunda, 21, contém tantos absurdos que fica difícil dizer qual é o maior deles.
Embora tenha tentado negar que deu informações e que considera como garantida uma movimentação das Forças Armadas contra o resultado das eleições, o ministro foi enfático ao falar que “está acontecendo um movimento muito forte nas casernas”.
A veracidade das informações pode ser comprovada pela proximidade que Augusto Nardes mostrou ter com a extrema direita e com os aliados do presidente Jair Bolsonaro. “Falei longamente com o time do Bolsonaro essa semana”, disse no áudio.
O ministro erra ao enviar um áudio conspirando contra a democracia e a Constituição, erra ao mostrar que é próximo do Presidente da República quando seu cargo lhe exige isenção, erra ao incitar outras pessoas a acreditarem num movimento contra o próximo governo e erra ao dar legitimidade às manifestações antidemocráticas que têm acontecido em frente aos quartéis.
Nardes foi o responsável por reprovar as contas do governo Dilma Rousseff e se vangloria por isso, além de deixar claro que tem a mesma expectativa para o governo de Lula.
“…eles vão vir para um confronto que nós todos sabemos quais são as consequências, mas nós tomamos uma decisão importantíssima em 15, quando eu tive a coragem em 130 anos, pela primeira vez, de tomar uma atitude de reprovar as contas porque encontramos 340 bilhões em 15 e 16 de irregularidades na nação. E tudo se mostra que vai acontecer novamente”, afirma.
O ministro mostra seu apreço por Bolsonaro e seu desapreço pelo presidente eleito. Uma autoridade como ele, que tem papéis e responsabilidades com a nação, jamais deveria se posicionar dessa forma. Mas Nardes parece estar mais preocupado com o que chama de algo “nebuloso em relação ao futuro do país”.
“Imagina eles com mais quatro anos de governo o que vai acontecer na nação. Não sei. Vai depender da sociedade se reerguer, retomar a sua força, saber da sua força, saber da sua força”.
É lamentável que um ministro se coloque nessa posição, afirmando fazer parte de um movimento conservador no Brasil que “acordou”. Inflamar os extremistas é desdenhar da democracia, a mesma que o colocou no cargo que ocupa hoje. Augusto Nardes mostra a face da extrema-direita: inconformados com a derrota, querem manter a todo custo o controle da nação.