Com uma frase infeliz, Lula deu um importante presente político para Sergio Moro. Em Brasília já se fala que o petista “jogou uma boia para o algoz”, o mesmo que o levou a ficar preso por mais de 500 dias.
Vejam como é a política brasileira.
Enquanto o PL de Jair Bolsonaro pede a anulação do mandato do senador eleito, acusando-o de Caixa 2 e de tirar benefício eleitoral de uma pré-campanha à presidência que naufragou, o petista – logo o petista – deu a Moro uma narrativa e tanto para o caso de o processo prosperar e ele ser cassado.
E a narrativa, segundo interlocutores de Moro, será assim: “não sei quem me tirou da política, se o PCC ou o Lula”.
A verdade é que Lula já havia dito uma frase infeliz no dia anterior à descoberta de que a organização criminosa mais violenta do Brasil planejava matar o ex-juiz e os seus familiares.
Mesmo que seja errado ligar uma coisa a outra, como pontuado pela coluna, é muito ruim que Lula siga nessa linha de desacreditar o ex-ministro de Bolsonaro quando ele aparece como vítima do PCC.
Em um dia o presidente conta de seu sentimento quando estava encarcerado – de que “só estaria tudo bem quando visse Moro se foder”. No outro, a PF desarticula um plano do PCC para assassiná-lo.
Mas, nem assim, o presidente não parou. Continuou nesta quinta, 23: “acho que é mais uma armação, e se for mais uma armação, ele vai ficar mais desmascarado ainda. Eu não sei o que ele vai fazer da vida se continuar mentindo como está mentindo”.
Fato é que, de quase esquecido praticamente, Moro ganhou importante sobrevida ao ser citado pelo presidente da República desta forma.
Resta saber se Lula está mudando as peças do xadrez político porque quer ou porque está errando mesmo em sua comunicação.