Há muitos fenômenos que se juntam na eleição municipal de 2024 – um deles, contudo, chama atenção pelo seu ineditismo em tempos modernos. No espectro da direita, aconteceu a volta da política dos governadores, tão usada na Primeira República, e que derrotou Jair Bolsonaro.
Ratinho Júnior., governador do Paraná, apostou em Eduardo Pimentel contra a candidata do ex-presidente, Cristina Graeml, e venceu.
Ronaldo Caiado, governador de Goiás, chamado de covarde por Bolsonaro, traçou armas com o ex-presidente numa espécie de primárias de 2026 e também venceu. Sandro Mabel, candidato de Caiado, derrotou o bolsonarista Fred Rodrigues.
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, apostou na reeleição do prefeito Ricardo Nunes, enfrentando todo o desdém de Bolsonaro, e não foi diferente: venceu e cresceu.
Elmano de Freitas, governador do Ceará, apostou em Evandro Leitão e venceu o candidato bolsonarista André Fernandes, mesmo que mas não sozinho. Teve a fundamental ajuda do ex-governador Camilo Santana.
Óbvio que alguns governadores saíram derrotados. O maior de todos foi Romeu Zema, que apostou em um nome para a prefeitura de Belo Horizonte que não chegou nem ao segundo turno. Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro, foi outro que perdeu – e de lavada. Mas todas as derrotas foram pontuais.
Por isso, pergunto: a política dos governadores voltou? Voltou!
Na Primeira República, a política de governadores funcionava da seguinte forma: os chefes dos executivos estaduais eram mais fortes até do que o presidente da República. Na verdade, eles – especialmente os governadores de Rio e São Paulo – definiam a sucessão presidencial e elegiam as bancadas que apoiariam o chefe do executivo na capital.
O cardápio de 2026 tem muitos temperos, mas já está à mesa. Voilà.