Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno e o delegado Alexandre Ramagem, que virou diretor da Abin na gestão do líder da extrema direita brasileira e um de seus principais apadrinhados políticos, foram descobertos — em áudio interminável obtido pela Polícia Federal — tramando uma perseguição a auditores da Receita que investigaram o filho Zero Um.
Acusado de participação em um esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Flávio Bolsonaro era ainda deputado estadual quando ocorreu o suposto desvio de verba pública.
O Zero Um foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro sob a acusação de liderar uma organização criminosa para recolher parte do salário de ex-funcionários públicos,
Ate hoje seus advogados saíram vitoriosos nos tribunais com diversas chicanas processuais, ele nega as acusações, mas nada impediu que o pai e aliados políticos fizessem, segundo a Polícia Federal, parte de uma conspiração para tentar criar uma narrativa contra investigadores da Receita.
É que, como todos sabem, o filho Zero Um virou senador, o pai, presidente da República, Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, e Ramagem assumiu a Abin.
“Igualmente, em relação às investigações relacionadas ao Senador Flávio Bolsonaro, a autoridade policial trouxe informações a respeito do uso da estrutura da Abin para monitoramento dos auditores da Receita Federal do Brasil, responsáveis pelo RIF – relatório de inteligência fiscal – que deu origem à investigação que apurava o desvio de parte dos salários dos funcionários da Alerj (‘caso da rachadinha’), com o objetivo, inclusive, de ‘encontrar podres’ sobre os mencionados auditores”, afirma Alexandre de Moraes no relatório final.
O áudio tem uma hora e oito minutos de duração e mostra o trio Bolsonaro-Heleno-Ramagem procurando os “podres” que poderiam ser “dívidas tributárias” e até ver redes sociais de esposas” desses funcionários públicos da Receita.
Reportagem dos jornalistas Eduardo Gonçalves, Mariana Muniz, Paolla Serra e Patrick Camporez mostra que as ações da Abin paralela contra os servidores “foram determinadas pelo delegado Alexandre Ramagem”.
O delegado e ex-diretor da Abin, que não entendeu se tratar de uma agência de inteligência, gravou a si mesmo, um general e o próprio chefe dando detalhes da trama.
É de se parar para pensar ou não é, leitor? O poder foi embora. Hoje Bolsonaro está inelegível e é investigado em casos de golpe de Estado a venda ilegal de joias do estado; Augusto Heleno mergulhou e tenta fugir dos holofotes que tanto gostou; Ramagem virou político e é candidato a prefeito do Rio de Janeiro.
Já Flávio é um dos mais falantes na oposição a Lula e tem mais dois anos e meio como senador da República…