
Vaiado três vezes na Marcha dos Prefeitos, em Brasília, nesta terça, 20, Lula não deveria se surpreender. O presidente enfrentou, com essas críticas, justamente aquilo que a eleição municipal de 2024 entregou ao país: uma maioria de prefeitos e vereadores do centrão.
Aliás, não só do centrão, mas majoritariamente de políticos com viés de centro-direita que, se tivessem voz numa decisão partidária, iriam preferir se aliar ao bolsonarismo do que com o petismo, ou mesmo ao lulismo nacionalmente.
Foi esse centrão que saiu vitorioso das eleições passadas e que terá papel preponderante nas eleições de 2026, quando o MDB deve rachar e ir em parte com Lula e em parte com o candidato apontado por Bolsonaro, que está inelegível.
O MDB governa hoje, através de prefeituras, 27,9 milhões de pessoas, boa parte deles formada por potenciais eleitores. É o partido que mais governa brasileiros ali na ponta, no dia a dia das cidades.
O PSD, que fez o maior número de prefeituras – 891, para ser exato -, tende a ir com algum político de direita e não de esquerda, ainda que possa ter uma divisão partidária bem menor do que a do MDB.
O PP, terceiro partido que mais fez prefeitos no Brasil em 2024 – foram 752 – já se posicionou, através do seu presidente Ciro Nogueira, que não vai com Lula, e sim com Bolsonaro.
Os seguintes na lista são União Brasil e PL. Bem, esses já tem até candidatos lançados. Um é Ronaldo Caiado, o outro, por ser o partido do líder da extrema-direita, fará exatamente o que Bolsonaro mandar: Michelle, Flávio ou o até o governador Tarcísio de Freitas, que é do Republicanos.
Diante desse cenário, é compreensível e até esperado as vaias ao presidente Lula na marcha dos Prefeitos. É preciso lembrar que o PT venceu em apenas 252 municípios, ficando em nono lugar. Um dos piores resultados da legenda em eleições municipais desde que chegou ao poder do executivo federal, em 2003.