Digital Completo: Assine a partir de R$ 9,90
Imagem Blog

Matheus Leitão

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog

Na fronteira entre o Brasil e Peru, povos indígenas insistem em existir

Entenda

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 abr 2025, 14h35

Neste 19 de abril, Dia dos Povos Indígenas, a paisagem do país é novamente moldada por discursos que exaltam a importância das culturas originárias. Mas, longe dos palanques e das redes sociais, na floresta amazônica que une Brasil e Peru, há povos que não têm tempo para celebrações. Estão ocupados tentando sobreviver.

No início deste mês, em Brasília, representantes de organizações indígenas do Brasil e do Peru se reuniram para a 8ª edição da Comissão Transfronteiriça Yurúa/Juruá/Alto Tamaya. Na bagagem, uma lista de denúncias e exigências ignoradas por dois países que, enquanto assinam compromissos internacionais sobre clima e direitos humanos, permitem que seus povos indígenas sigam à margem – e sob ameaça.

Na “Declaração de Brasília”, documento que resultou do encontro, os indígenas relatam a omissão dos governos diante de uma série de alertas feitos desde 2021. “Ainda não recebemos nenhuma resposta consistente e contundente”, dizem. É como gritar no vazio. De um lado, a floresta; do outro, a indiferença.

A urgência maior é conter o avanço da estrada UC-105, construída ilegalmente no lado peruano. Segundo ele, mais do que um projeto de infraestrutura, ela é um atalho para o crime ambiental: desmatamento, grilagem e tráfico. “Apoiar a construção ilegal de estradas viola o marco jurídico de proteção dos direitos dos povos indígenas”, afirmam, lembrando que o Peru é signatário da Convenção 169 da OIT – tal como o Brasil. Mas papel não segura motosserra.

A carta aponta a ausência de proteção nas cabeceiras de rios como o Amonia, Sheshea, Tamaya e Dorado – territórios sagrados e estratégicos, que regulam os ciclos hídricos da região e sustentam o que ainda resta de equilíbrio climático. “Não somos contrários ao desenvolvimento”, escreveram os líderes, “mas sim ao desenvolvimento promovido por Estados cuja visão prioriza a exploração econômica em detrimento da proteção da diversidade sociocultural”.

Continua após a publicidade

Eles exigem o básico: serem ouvidos. Pedem a inclusão da Comissão nos fóruns de decisão tanto no Peru quanto no Brasil, como o Comitê Nacional de Fronteiras. Reivindicam fiscalização conjunta nas regiões de fronteira e proteção aos Povos Indígenas em Isolamento e Contato Inicial (PIACI), constantemente ameaçados por madeireiros e garimpeiros.

E lembram, com dor e indignação, um episódio que nunca deveria ter caído no esquecimento: o assassinato de quatro líderes Ashéninka em 2014, entre eles Edwin Chota, uma das vozes mais combativas da Amazônia peruana. Apesar da condenação dos cinco acusados, todos seguem em liberdade. A comunidade de Saweto, sobrevivente, segue recebendo ameaças.

Enquanto Brasília adormece, os povos da floresta seguem vigilantes, sem descanso, mantendo de pé a parte mais vital – e mais negligenciada – da nossa identidade nacional.

E, nesse ponto, os povos do Yurúa, Juruá e Alto Tamaya têm muito a ensinar.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.