‘Meu tempo de disputas eleitorais acabou’, diz presidente da CBF
Ednaldo Rodrigues fala pela primeira vez desde a intervenção que o afastou da entidade máxima do futebol brasileiro
Afastado desde o dia 7 de dezembro pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o cartola Ednaldo Rodrigues conversou nesta quinta-feira, 28, com a coluna. É a primeira vez que o presidente afastado da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) fala à imprensa depois do afastamento.
O tom de Ednaldo é de conciliação com as demais forças políticas do futebol brasileiro. Ele diz ter compromisso com a família acerca de seu futuro na entidade: não será candidato à reeleição na CBF.
A FIFA tem demonstrado irritação com a intervenção e não reconhece o interventor José Perdiz como legítimo para comandar a CBF, o que coloca em risco a presença do Brasil em competições internacionais.
A entidade máxima do futebol já prepara uma comitiva para vir ao Brasil em janeiro.
A seguir, os principais trechos da conversa da coluna com Ednaldo Rodrigues.
O TJRJ afastou o senhor da presidência da CBF e esta decisão ainda não foi revertida nos tribunais superiores. Qual a sua avaliação sobre esta decisão?
Ednaldo Rodrigues – Confio plenamente nas instituições. Foi por isso que tivemos aprovação unânime da Assembleia Geral da CBF para procurar o Ministério Público do Rio de Janeiro e assinar um Termo de Ajustamento de Conduta, acreditando que encerraria este processo judicial que se arrastava há anos. Esta insegurança jurídica é muito ruim. O importante é ter uma decisão definitiva para que o futebol brasileiro possa avançar.
Qual o risco para o futebol brasileiro se esta decisão do TJRJ que o afastou da presidência da CBF permanecer, haja vista que a FIFA não admite intervenção externa na entidade?
Ednaldo Rodrigues – Sobre este assunto, eu não tenho nenhuma informação que não seja pública. A FIFA e a CONMEBOL já deixaram claro o risco de suspensão da seleção e dos clubes de qualquer atividade internacional, como inclusive aconteceu com outros países. Espero sinceramente que a situação não chegue a este ponto. Seria muito triste, não só para todos os jogadores e torcedores do Brasil, mas para toda comunidade que gira em torno do futebol e depende dele para viver.
Como o senhor está vendo o cenário político na CBF com a intervenção?
Ednaldo Rodrigues – É preciso esperar a missão da FIFA e da CONMEBOL, e também as decisões da Justiça, para entender o cenário e ter alguma definição. Da minha parte, tenho conversado muito com minha família e assumi um compromisso: meu tempo de disputas eleitorais acabou.
O que acontece com a CBF, cujos presidentes não terminam seus mandatos desde 2012?
Ednaldo Rodrigues – Cada um tem sua história. No meu caso, surgiu agora esta dúvida sobre a competência do Ministério Público e a validade do TAC. Além disso, reconheço que faltou mais diálogo e abertura com setores importantes do futebol e da sociedade brasileira.
Como o senhor enxerga o seu futuro?
Ednaldo Rodrigues – Confio na Justiça e nos órgãos do esporte. Se a validade do TAC for reconhecida, buscarei diálogo com todos os atores para fazer as mudanças necessárias, até a eleição em 2025, da qual não participarei.