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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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Lula com chuchu começa bem

Ex-presidente foca na democracia e Alckmin surpreende

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 Maio 2022, 17h52 - Publicado em 7 Maio 2022, 13h52

Com um toque de 1989 e reedição do jingle de campanha mais conhecido da história do Brasil, cantado novamente por diversos músicos do país, Lula e Alckmin deram o pontapé inicial da mais polarizada eleição desde a redemocratização.

Aliás, o ex-governador de São Paulo, até ontem inimigo do petismo, “roubou a cena” com um discurso ainda melhor que o do ex-presidente na luta contra o bolsonarismo e a perpetuação no poder da extrema-direita brasileira.

Com Covid-19, claramente se esforçando para trazer uma imagem de Diretas Já para a campanha, Alckmin fez uma fala humilde, à altura do dramático momento da história brasileira, e inventando o prato popular mais improvável e surpreendente das últimas décadas: Lula com chuchu.

Deu tão certo que o petista levantou para aplaudir o colega de chapa e, quando pegou o microfone, encomendou à Bela Gil, chef de cozinha e apresentadora do evento, uma receita de chuchu com Lula para ser o prato da moda no Palácio do Planalto a partir de janeiro de 2023.

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Mesmo projetando a vitória, Lula, que lidera as pesquisas, não pareceu arrogante. Com um discurso lido e não de improviso, ajustou uma fala austera que enfrentou todos os pontos cruciais do país, assim como fez Alckmin quando apareceu no telão do evento.

Lula chamou acertadamente a atenção para os absurdos de Jair Bolsonaro na pandemia que, por exemplo, tripudiou das mortes causadas pela doença ou impôs o negacionismo assassino antivacina sobre a população brasileira. “Ele [Bolsonaro] pode até se dizer cristão, mas não tem amor ao próximo”, disse o ex-presidente, num claro chamamento aos evangélicos e católicos.

O discurso de Lula lido disciplinadamente, como é feito por pré-candidatos em vários países do mundo, deu um tom de profissionalismo para a campanha, que claramente se organizou em um outro patamar para o evento de hoje.

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O ex-presidente também chamou a atenção para os problemas econômicos, a grave crise gerada pela Covid-19, mas que no Brasil foi elevada a um outro nível por um presidente extremista, que atacou o tempo todo os outros poderes da República. “Viver ficou muito mais caro. O Brasil voltou a um passado sombrio que havíamos superado”.

O tom de Diretas Já não se constrói em um dia, mas no dia de hoje ganhou um pontapé inicial com força, falando para fora dos círculos esquerdistas: “Queremos unir todos os democratas contra a ameaça totalitária”, disse Lula.

O ex-presidente ia e voltava incluindo a Bíblia em seu discurso, afirmando que Bolsonaro mente sete vezes ao dia e – por que não? – usando trecho do versículo que o atual presidente não conhece, mas o usa com desfaçatez desde 2018: “a verdade liberta”.

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Em meio ao “comício”, Lula anunciou o casamento com Janja, sua noiva, neste mês, se declarou apaixonado e afirmou não querer vingança pelo tempo que passou na prisão. Disse também que o país não pode perder tempo com o ódio e que o mundo verá a revolução mais pacífica da História neste ano. Conclamou os correligionários a não ter medo das fakenews, tão usadas pelo bolsonarismo.

Enquanto Alckmin disse que a chapa não é “nem a primeira, nem a segunda, nem a terceira via, mas a única via possível”, Lula citou várias vezes a palavra “soberania”, tocando em pontos como a inflação alta, o aumento da fome, e perda do poder aquisitivo em todas as classes.

A campanha deste ano pode ainda não ter começado oficialmente, segundo o calendário eleitoral, mas hoje, neste sábado, 7, ganhou sim o tempero que marcará o início de um dos mais importantes capítulos da democracia brasileira.

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Na união improvável, que chama outros políticos brasileiros para as “novas Diretas”, Alckmin prometeu lealdade, Lula garantiu união. “Vamos ganhar com o sorriso e o amor”.

Enquanto sob o bolsonarismo o Brasil aparece como pária no mundo, um petista e um tucano histórico – desculpem, Lula com chuchu – podem mesmo virar o novo “hit da culinária brasileira” em 2022.

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