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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog

Lembranças de um devoto

A visão de um católico no dia de Nossa Senhora Aparecida, mas sem romaria

Por Edu Carvalho
12 out 2020, 10h52

Grandiosa não será a procissão de romeiros ao teu encontro, como aqueles que são vistos caminhando em grupos mesmo sozinhos. Sustentados pela fé, o modo de prestigiá-la no dia em que o então Papa João Paulo II, em 1980, hoje santo, consagrou a basílica que fica no meio do Rio de Janeiro e São Paulo se dará de maneira diferente.

Não poderão, nem eles, nem eu, participar presencialmente das tradicionais novenas e missas, além de levarmos, aglomerados, promessas ou mesmo ‘’pagar’’ a realização de nossos desejos. Pessoalmente encaro o momento com tristeza, já que anualmente temos aquele bate-papo marcado sem data, mas que é cumprido religiosamente em algum período do ano para colocarmos as coisas em dia.

Lembro da primeira vez que a vi, aos 19 anos, depois de ter passado inúmeros episódios de baque e sofrimento. Tava foda. Numa oração noturna (aqui confesso minhas lágrimas), depositei na reza de que quando a vida voltasse a sorrir e o céu desanuviasse, selaria o fim da via crucis com uma visita. A ida ao Vale do Paraíba era, por si só, a promessa.

E lá fui, como fiel escudeiro, mas sem deixar de lado a parte observadora do ser. Pudera, a profissão me fez assim, caçador de minhas próprias experiências e atitudes. Depois de cinco horas de viagem, colocando os pés em território mariano, senti de perto a onda que envolve todos os que por ali passam.

Na subida da rampa que dá acesso à Santa, uma fila imensa, onde se têm trânsito a cada um minuto e meio, por conta da parada obrigatória afim de contemplar a imagem encontrada pelos pescadores Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso há três séculos, hoje guardada com seu manto azul e coroa de ouro cravejada de diamantes ofertada por Isabel, nossa princesa, em 1888.

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É uma das coisas mais bonitas que se pode ver, e aqui abro parênteses: seja você de qual religião for, com certeza, fica emocionado ao bater de frente com a imagem. Cidadãos brasileiros, somos educados desde pequenos que para além do Dia das Crianças, o 12 de outubro é também o dia daquela que é proclamada Rainha do Brasil e sua Padroeira Principal.

São muitos os mistérios que guardam o local, desde este espaço até a loja de lembranças, onde também se vende partes do esqueleto humano em formato de vela, para se deixar em uma das capelas. ‘’Macabro’’ ou tido como ‘’funébre’’ por alguns, este é mais um ambiente que toca o coração. Despejando toda a esperança de cura de doenças e demais problemas individuais não só ligados ao corpo, os visitantes provam de que fé é algo acima de qualquer doutrina, e dela se precisa muito pra viver – e que não é totalmente ligada à Deus. Do crente ao ateu, ninguém consegue explicar essa ‘’força estranha no ar’’, e como bem diz o Gil, ela ‘’não costuma faiá’’.

E é só ela, a fé, que têm mantido seus filhos vivos até agora, quase sete meses depois do início da maior crise sanitária do século, e que já vitimou mais de 150 mil pessoas só aqui.

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Fico me perguntando o que ela pode dizer ao seu filho, o menino Deus, sobre tudo que aconteceu nesse período. Com certeza, vê com pesar o fogo no verde que assola a Amazônia, o negacionismo de quem rege a pátria e que costuma dizer, repetidamente, como papagaio, de que quem conhece a verdade, esta vos torna livre. ‘’Meu Deus, ele não sabe o que diz’’, deve ser uma das frases da mãe Aparecida.

* Edu Carvalho, morador da Rocinha, é jornalista. Trabalhou no programa Conversa com Bial e na CNN Brasil, vencendo o Prêmio Vladimir Herzog

 

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