Governo Lula entrega, mas comete um erro básico
IBGE anunciou dados positivos nesta quarta, mas resultado fica ofuscado por baixo desempenho da articulação política e da comunicação do governo

É um alento, em meio ao cenário, conflagrado no Brasil, certos indicadores econômicos e sociais. Nesta semana saiu o crescimento do PIB, confirmando o ritmo de mais de 3% ao ano, e nesta quarta-feira, 4, o IBGE divulgou sua Sintese dos Indicadores Sociais com uma grande notícia.
Segundo o órgão, o ano de 2023 foi o que registrou os menores índices de pobreza e miséria. O número de brasileiros em extrema pobreza ficou abaixo de 5%. Ao todo em um ano, 8,7 milhões de brasileiros saíram dessa condição de pobreza.
Ou seja: o governo Lula entrega resultados quando o quesito é melhorar a vida dos brasileiros. O governo ainda precisa ajudar 59 milhões de brasileiros a saírem da pobreza, mas esse é o menor contingente, em mais de 10 anos, que está nessa situação. Além disso, tirar 8,7 milhões da pobreza é uma façanha, dadas as sucessivas crises pelas quais o país passou desde a gestão de Dilma Rousseff e o cenário de destruição deixado por Jair Bolsonaro.
O resultado positivo, no entanto, é ofuscado e não surte efeitos ainda maiores por causa de dois fatores. O primeiro deles é a ausência de uma base política sólida. Mais uma prova do fracasso da articulação política foi dada nesta quarta, quando o governo pediu a retirada de pauta do pacote de corte de gastos da pauta da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. O motivo é simples: não há votos suficientes para apoiar o pleito do Planalto.
Aliás, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez questão de vocalizar essa avaliação em um evento público. Disse com todas as letras que o governo não tem votos.
O segundo fator que ofusca os bons resultados do governo é a comunicação desastrosa do Planalto e dos diversos ministérios – situação conflitante com a montanha de dinheiro que é gasta com agências de comunicação. O mais recente episódio que demonstra o fracasso da comunicação do governo foi a forma confusa e atrapalhada com que o ministro Fernando Haddad anunciou o plano para cortar gastos junto com as mudanças no Imposto de Renda. Tudo bem que a ideia era sinalizar para os mais pobres, mas precisava mandar o dólar para a lua?
Tudo isso somado resulta em uma grande lambança que só piora a situação do país, mergulhado em um cenário de polarização, ameaçado pela aspiração golpista de Bolsonaro e seus asseclas e também gerido de forma errante pelo atual governo.