As medalhas da Casa da Moeda e a suspeita de ouro ilegal
Presidente da estatal banca contratação de empresa suspeita de envolvimento com ouro ilegal. Empresa forneceu ouro durante os jogos olímpicos do Rio
A contratação sem licitação da Marsam Refinadora de Metais pela Casa da Moeda não pegou bem para a imagem do presidente da estatal, Sérgio Perini. A empresa pertence a Sarah Westphal, filha de Dirceu Frederico Sobrinho, conhecido como “rei do ouro”, investigado pela Polícia Federal suspeito de extrair ouro ilegal dos territórios indígenas Yanomami, Munduruku e Kayapó e preso em 2022 com 70kg de ouro. Frederico Sobrinho foi sócio da empresa até anos atrás.
Sérgio Perini tem realizado diversas viagens para promover e entregar a autoridades moedas e medalhas comemorativas com envolvimento direto da Marsam. Entre os agraciados com as medalhas está, por exemplo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Nas redes sociais da estatal é possível ver a promoção de diversas moedas comemorativas, como dos 80 anos da Polícia Federal, dos 200 anos da primeira constituição e criação do Poder Legislativo, dos 50 anos das relações diplomáticas entre Brasil e China, dos 30 anos do plano real e até dos 140 anos da criação da estrada de ferro do Corcovado.
Essa é pelo menos a segunda vez que os caminhos de Perini e a Marsam se cruzam. Quando Perini era superintendente do departamento de moedas da estatal, em 2016, a empresa foi contratada para o fornecimento de ouro. A data coincide com o período em que a Casa da Moeda produziu as medalhas para os atletas das Olimpíada do Rio.
Perini está na presidência da estatal desde o início de 2023. No governo Bolsonaro, foi diretor de operações.