
O furo de reportagem dos jornalistas Robson Bonin e Laryssa Borges, de VEJA, revela que o tenente-coronel Mauro Cid, delator da trama golpista e de outras investigações, fez jogo duplo, desrespeitou as obrigações de não se comunicar e ainda afirmou que foi obrigado a dizer coisas que não diria.
Isso é muito grave. Certamente será usado pelas defesas dos outros réus, e pode até levar Mauro Cid a perder os benefícios negociados.
As revelações da reportagem importantíssima não desmoronam toda a investigação, mesmo se a delação de Mauro Cid for anulada. Existem muitas provas de que houve uma tentativa de golpe de Estado no país.
A investigação da Polícia Federal trouxe aos autos muitos outros elementos de prova:
1- A minuta do golpe em duas versões, na casa do Anderson Torres e na sede do PL;
2 – A gravação daquela reunião de julho de 2022 em que todos falaram abertamente sobre golpe, ainda que a palavra não fosse usada. Era uma reunião sobre “virar a mesa” como disse claramente o general Heleno;
3 – Milhares de conversas de whatsapp autoexplicativas;
4 – Testemunhos avassaladores como o do brigadeiro Batista Júnior;
5 – Houve também uma série de falas públicas dos réus, principalmente de Bolsonaro e de Braga Netto que deixam os candidatos derrotados na eleição de 2022 em maus lençóis.
Tais provas têm sustentação por si mesmas e formam um conjunto probatório extremamente robusto.