O formato que permitiu aos candidatos andarem pelo cenário, o mapa da cidade, no debate da Globo, foi aproveitado tanto por Ricardo Nunes quanto por Guilherme Boulos, em São Paulo.
Uma coisa interessante é que ambos mostraram muito conhecimento da geografia da capital paulista.
Os dois candidatos à prefeitura andaram e ficaram o tempo todo presentes na cena. Quando um estava falando, o outro estava atrás.
Mas Boulos foi mais capaz de fazer expressões que mostravam se as falas do adversário eram confiáveis ou não. Então, ele aproveitou melhor essa possibilidade do novo formato do debate.
A verdade é que Boulos foi ligeiramente melhor em vários momentos. Na troca de acusações, por exemplo, o psolista escolheu fazer acusações de corrupção. Teve um momento específico em que Boulos apontou no mapa onde Nunes tinha um apartamento.
Ao confirmar que tinha mesmo o imóvel, Boulos retrucou que quem também mora ali é o ex-cunhado do Marcola, do PCC, que exerce uma função na gestão de Nunes.
Mesmo sendo uma fala que acompanhou o atual prefeito durante toda a eleição, ele ficou claramente perdido.
No balanço geral, apesar de ser um debate equilibrado, houve sim essa ligeira vantagem para o Boulos, mas não aquela grande vantagem de que o psolista precisava.
Segundo a Paraná Pesquisas, nesta reta final, Boulos conseguiu alcançar a menor diferença desde o começo da campanha, mas a menor distância ainda é uma grande diferença, porque é de 10,5 pontos percentuais.
A última esperança na campanha do candidato de Lula é que, com a previsão de chuva, alguns segmentos de eleitores que estão com o candidato de Bolsonaro, como os mais pobres e os mais velhos, aumentem as abstenções.
Mas, mesmo com toda a mobilização final da esquerda nesta reta final, a direita deve mesmo sair vitoriosa na capital que mais chamou a atenção do país nas eleições municipais de 2024.
Boulos fez o que pode no último grande ato da disputa, mostrando muito mais segurança, consultando os papéis apenas uma vez, enquanto Ricardo Nunes foi chamado à atenção por estar toda hora com a cola na mão.
São Paulo atraiu mais os holofotes desta vez, não só por ser São Paulo, mas porque teve Pablo Marçal, teve cadeirada, teve um começo de campanha muito mais turbulento.
E nisso há uma outra questão importante — houve um segundo turno e a conversa no debate da Globo era em um tom que, mesmo com acusações, foi mais civilizado.