O quinto governo do PT na história do Brasil viveu sua pior semana desde o início da gestão em 2023. Esse é o fato mais importante do ano, na visão da coluna.
O “inferno astral” petista começa merecidamente quando um governo que se diz de esquerda resolve se omitir em uma pauta inegociável. Obviamente que estamos falando do PL medieval, que pune de forma mais severa a vítima que o algoz.
Mulheres e meninas estupradas que resolvam fazer um aborto poderão ter uma pena maior do que o estuprador — isso em um país que, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o estupro de uma pessoa do sexo feminino ocorre a cada oito minutos. Trata-se de um surto de estupros, e não de abortos, mas a classe política finge que o problema é o outro.
Lula, numa sequência de erros assustadores nesta semana, se esquivou de defender a pauta, saiu pela tangente quando seis de cada dez estupros no Brasil têm como vítimas meninas de zero a treze anos.
Mas, para o presidente da República, a governabilidade e o temor de um Congresso conservador é mais importante que a defesa de meninas violentadas por homens.
Nenhum país democrata do mundo criminaliza a mulher que faz um aborto, nem mesmo os mais católicos. Quando foi mesmo que o PT e seu líder máximo se acovardaram de enfrentar um debate público como esse de forma tão vergonhosa?
Deixo a resposta para você, leitor.
O ministro da Fazenda enfraquecido
Em meio a esse descalabro, Lula viu o “ás” de sua equipe cometer um erro grosseiro na articulação política. O que era o forte do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se tornou fragilidade.
Elogiado por sua capacidade de negociação com o Congresso quando a ala política do governo é tão criticada, o ex-prefeito de São Paulo acabou vendo a MP da compensação de créditos de PIS/Cofins, que quer compensar perdas de arrecadação, ser devolvida pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, por falta de acordos políticos.
A reação do empresariado foi contra Haddad e a favor de Pacheco, o PT não saiu em defesa de um dos seus quadros mais importantes e o Lula — bem — deu uma declaração que foi entendida como algo contra o corte de gastos.
O caos, assim, estava instalado, e acabou no bolso do brasileiro, que viu o dólar subir a R$ 5,40. O presidente tentou consertar depois, chamando-o de extraordinário, mas era tarde demais.
Simone Tebet, a ministra do planejamento, teve que sair em defesa do colega, mas a movimentação só mostrou ainda mais a vulnerabilidade de Haddad, cada vez mais isolado pela ala gastadora do governo.
O ministro das comunicações indiciado
Como se não bastasse os muitos reveses, Lula ainda viu o ministro Juscelino Filho, ministro das comunicações, ser indiciado pela Polícia Federal por corrupção, palavra que assombra todos os partidos, em especial o PT.
Mas o pior é que o especialista em estratégia de marketing e construção de imagem, até pela posição que ocupa no governo, deu a resposta que está sendo perseguido politicamente pela PF de Lula. Já o presidente afirmou que é preciso esperar o ministro provar a inocência…