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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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A surpresa que vem da eleição de Curitiba e o racha na direita

Em artigo enviado à coluna, o cientista político Rodrigo Vicente Silva explica como o racha entre direita e extrema-direita pode afetar a capital paranaense

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 out 2024, 16h17 - Publicado em 6 out 2024, 13h30

Eduardo Pimentel do PSD, atual vice-prefeito de Curitiba, vinha em curva ascendente nas pesquisas ao longo de setembro. O cenário, contudo, parece ter ganhado novos desenhos por lá. Desde quinta-feira, 3, fontes de ao menos três campanhas da capital paranaense confirmaram que havia um movimento de subida da candidata Cristina Graeml, do PMB, detectado pelos trackings internos dos candidatos a prefeito. A  informação fez soar um alerta na campanha do candidato governista.

Com a informação da subida inesperada da candidata do PMB, os últimos dois dias passaram a ser de uma corrida contra a divulgação de pesquisas eleitorais que provariam um empate técnico entre Graeml e Pimentel. O fato foi comprovado por meio do resultado da pesquisa Atlas Intel divulgada hoje – a única que não foi proibida pela Justiça. De acordo com o levantamento, Pimentel teria 27,8% ante 24,1% de Graeml. Em pesquisas anteriores, o candidato do PSD aparecia com mais de 30% e a candidata do PMB não computava dois dígitos. Embora sejam pesquisas de institutos diferentes e, portanto, com metodologias distintas, era visível a discrepância entre os candidatos.

A campanha de Pimentel recorreu à Justiça Eleitoral, que atendeu aos pedidos e suspendeu a divulgação de cinco pesquisas eleitorais previstas para este sábado, véspera do primeiro turno de votação. Um dos institutos que têm o pedido de proibição na divulgação dos resultados é a Quaest, em sondagem encomendada pela RPC, afiliada da Globo no Paraná. A mesma empresa realizou nesta eleição outros dois levantamentos para a disputa em Curitiba, com a mesma metodologia e que não foram, contudo, objeto de dúvida da campanha de Pimentel, ao contrário, foram amplamente divulgados.

O pleito por lá, a exemplo de algumas capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Fortaleza parece que será com muita emoção.

Para entender a eleição em Curitiba

A capital paranaense tem 3 candidatos no campo da direita, que chegaram com alguma força e conhecimento do eleitorado. Eduardo Pimentel, atual vice-prefeito, tem o apoio do prefeito Rafael Greca e do governador do Paraná Ratinho Júnior. Trouxe para vice o bolsonarista Paulo Martins do PL, que ficou em segundo lugar e perdeu a vaga ao Senado para o ex-juiz da Lava-Jato Sérgio Moro.

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Há, ainda, Ney Leprevost, do União Brasil, que é deputado estadual e já concorreu à prefeitura no passado. O candidato emplacou Rosângela Moro, deputada federal por São Paulo, para a vaga de vice, o que não lhe rendeu muitos frutos. No campo da extrema-direita, Cristina Graeml tem sido a surpresa da eleição. Jornalista, trabalhou por anos no jornal Gazeta do Povo de Curitiba. Nas redes sociais, se diz de direita raiz e cristã e figura em vídeos com o candidato Pablo Marçal e explora menções e fotos com o ex-presidente Jair Bolsonaro. O partido que abriga Graeml é o inexpressivo Partido da Mulher Brasileira, o PMB, que não possui representantes no Congresso e quando teve foi um homem. A sigla se diz anti-feminista, pró-igualitária e conservadora.

No campo mais ao centro e à esquerda, há outros 3 candidatos. O ex-prefeito e atual deputado federal pelo PSB, Luciano Ducci, que fez aliança com o PT e o PDT e se mostra o mais viável do campo progressista. Na sondagem de hoje, 5, aparece com 20,4% e estaria empatado com Graeml na margem de erro.

Por fim, um candidato nada provável é o ex-governador por três mandatos e ex-senador Roberto Requião, que depois de anos no MDB e passagem rápida pelo PT, onde concorreu ao governo do estado em 2022, agora concorre no pleito municipal pelo nanico PMN, na cidade em que foi prefeito na década de 1980. Na pesquisa Atlas Intel de hoje está com 3,2% das intenções de voto, ao menos no campo da esquerda à frente apenas da candidata do PSOL, a professora Andrea Caldas, que tem 1,5%.

 

* Rodrigo Vicente Silva é mestre e doutorando em Ciência Política (UFPR-PR). Cursou História (PUC-PR) e Jornalismo (Cásper Líbero). É editor-adjunto da Revista de Sociologia e Política. Está vinculado ao grupo de pesquisa Representação e Legitimidade Democrática (INCT-ReDem). Contribui semanalmente com esta coluna 

 

 

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