A sinalização do PDT de que vai apoiar a reeleição de Arthur Lira para a presidência da Câmara tem tudo a ver com Ciro Gomes.
Nesta terça, 22, o líder do PDT na Câmara, deputado André Figueiredo, disse que uma consulta à bancada de deputados apontou para o apoio a Lira.
“Nós fizemos uma consulta à bancada dos deputados que assumirão a partir de fevereiro e o entendimento, também com o Carlos Lupi, é que vamos chamar uma reunião da Executiva com a bancada para 6 de dezembro, para oficializarmos o apoio”, disse André.
É fato que Ciro tem grande influência no PDT junto com o presidente Carlos Lupi e a divulgação pública da posição do partido seria um sinal, de acordo com aliados do próprio pedetista, do rancor cirista em relação a Lula.
O rancor, inclusive, supera posturas contraditórias de Ciro em relação a Arthur Lira. Em dezembro de 2021, por exemplo, durante entrevista à GloboNews, Ciro chamou Lira de “bandido” e disse que, em um eventual governo seu, Lira não comandaria a Câmara.
Durante a campanha presidencial, o pedetista criticou o orçamento secreto, defendido abertamente por Lira. “A mais grave institucionalização que eu já vi na história da humanidade da corrupção como elemento central do modelo de poder é o orçamento secreto”, disse Ciro.
A possível vitória de Lira não é o melhor dos cenários para Lula, embora uma reeleição dele não seja algo grave, já que o presidente da Câmara deve flutuar entre apoiar o novo governo e ser oposição, a depender do tema. Apesar disso, nos bastidores, Lula preferia ter um outro nome, principalmente por causa da proximidade entre Lira e Bolsonaro.
Acontece que o presidente eleito sabe que não é bom se envolver no pleito da Câmara. Poucos dias depois de vencer a eleição, Lula deixou claro que não vai interferir nas escolhas dos presidentes da Câmara e do Senado. Essa isenção acontece porque, se o presidente se envolver e seu candidato perder, ele estará nas mãos do vencedor.
O apoio do PDT é uma jogada de Ciro porque o pedetista resolve apoiar o candidato que é aliado de primeira hora de Bolsonaro, que não tem alinhamento com o PT e pode dificultar a vida do novo governo. A decisão mostra o recalque de Ciro, que, apesar de dizer que não vai mais ser candidato à Presidência, provavelmente estará em campanha de novo em 2026 tentando chegar ao poder.