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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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A mudança radical na relação de Lula e Maduro a quatro dias da eleição

Entenda

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 jul 2024, 14h44

A quatro dias da eleição em que há chance real de a oposição derrotar Nicolás Maduro, Venezuela e Brasil vivem momento de tensão raro, se analisarmos apenas o histórico dos cinco governos petistas após a redemocratização.

Sob Bolsonaro, obviamente, a situação era muito pior, agravou muito, mas a gestão da extrema-direita passou. Está no passado.

Enquanto isso, nos últimos dias, em pleno governo do PT, teve crítica acertada de Lula, réplica irônica de Maduro e até tréplica com fakenews do líder do regime chavista, o mesmo que tortura e mata opositores – como denunciado por esta coluna.

Mas vamos aos fatos da semana. Primeiro, Lula disse acertadamente que se assustou com a última declaração de Maduro sobre “banho de sangue”, caso ele venha a perder a eleição.

“Eu fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que se ele perder as eleições vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto. O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora”, disse o presidente brasileiro.

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Maduro retrucou um dia depois com enorme ironia: “Quem se assustou, que tome uma camomila, porque este povo da Venezuela já passou por muita coisa e sabe o que eu estou dizendo”. O líder do regime chavista poderia ter esgotado o assunto aí, mas não o fez. Longe disso.

Maduro resolveu questionar a lisura do sistema eleitoral brasileiro, mentindo que ele não é auditado. “Temos 16 auditorias. Em que outra parte do mundo fazem isso? Nos Estados Unidos, é inauditável o sistema eleitoral. No Brasil não auditam um registro. Na Colômbia não auditam nenhum registro”, afirmou.

Por ter que escrever sobre isso várias vezes durante o governo Bolsonaro, sei de cor essa resposta: o sistema eleitoral brasileiro é totalmente auditável, da preparação das urnas, passando pela contagem dos votos até a divulgação dos resultados.

Fato é que Maduro se acostumou com a leniência do PT e de Lula com os horrores do regime chavista liderado por ele. O atual governo petista começou, inclusive, com Lula fazendo muitas homenagens a Maduro. Espero que isso tenha acabado de vez.

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Se voltarmos no tempo, é fácil lembrar que Hugo Chávez deu vários sinais de autoritarismo, como por exemplo mudar a composição do Conselho Nacional Eleitoral – o TSE deles. Aliás, é a mesma coisa que Bolsonaro tentou fazer no Brasil. Em vários aspectos o chavismo se assemelha ao bolsonarismo.

Lula deveria ter se afastado há décadas dessa estratégia de fingir que a Venezuela vive uma democracia plena. Não vive. O petista, que sempre governou democraticamente, nunca deveria ter endossado regimes autoritários.

Afastar-se do chavismo radical – ou do autoritarismo de Maduro, que oprime opositores – jamais será romper com a Venezuela, país que continuará sempre sendo nosso vizinho.

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