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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog
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A manobra arriscada do partido de Bolsonaro ao apostar em “joias”

Entenda

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 mar 2023, 09h08 - Publicado em 22 mar 2023, 08h56

O PL acredita que voltará ao poder se apostar nos próximos quatro anos em Michelle Bolsonaro, a ex-primeira-dama que vê as mulheres como “joias”.  Ela tem qualidades eleitorais, por falar bem e possuir forte conexão com o mundo evangélico.

A grande dúvida é se isso será o suficiente para levar uma neófita na política para voos mais altos. Nesta terça, 21, Michelle Bolsonaro chegou à instalação do PL Mulher com pompas e circunstâncias, mas sem qualquer resposta para o caso das joias sauditas, que têm um valor tão exorbitante – e é um caso tão escabroso – que ela precisará dar explicações convincentes.

Não bastará a ex-primeira-dama fazer ironias, deboches e indiretas. Isso serve para um público que estava lá para aplaudi-la. Michelle terá que provar, na investigação, que nada sabia sobre os escandalosos R$16,5 milhões em pedras preciosas. 

Para isso, será obrigada a dizer que ex-ministro Bento Albuquerque mentiu na alfândega. E que o seu marido, Jair, escondeu dela as insistentes vezes em que, através do seu ajudante de ordens e usando o aparato do estado, tentou reaver o extravagante colar de brilhantes e as outras peças de uma das mais cobiçadas joalherias do mundo.

Há outras passagens nebulosas na vida de Michelle que podem ser exploradas. 

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Se ela entrar de fato no jogo político, terá que dizer mais do que os tweets preparados para ela pelo ex-secretário de comunicação Fábio Wajngarten.

Por exemplo: precisará superar as desavenças com Carlos Bolsonaro, o problemático filho do meio do ex-presidente da República. No lançamento do PL Mulher, os outros dois filhos estavam lá, Flávio e Eduardo. Mas não é segredo que ela e Carluxo não são amigos – nem na vida, nem nas redes.

Em que ela é forte? Na comunicação com o mundo evangélico. O difícil é a visão que ela tem da bíblia. De submissão da mulher, de “ajudadora” do marido como sempre diz. A luta diária de sobrevivência da mulher não tem qualquer aderência com essa ideia de que a função dela é ser adereço na vida dos homens.

O cálculo que o PL faz é simples: se der ruim, basta desembarcar do projeto que carrega o nome de Michelle. Se der certo, o partido continuará a ter um Bolsonaro (ou uma) para puxar a bancada.

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