Após longos e exatos seis anos e três meses o Brasil finalmente testemunhou um andamento processual com algum peso no caso do brutal assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, metralhados pelas costas por uma quadrilha miliciana em um dos únicos locais em que as câmeras de trânsito estavam desligadas no Rio de Janeiro.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal aceitou, por unanimidade, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Chiquinho Brazão, deputado federal pelo Rio, e o ex-chefe da Polícia Civil do estado Rivaldo Barbosa, assim como dois outros acusados.
Mas até quando a Justiça no Brasil será uma ficção e não uma realidade?
É assustador — mas não inesperado — que o sistema de justiça brasileiro tenha demorado tanto tempo para conseguir avançar na tentativa de solucionar um crime motivado para proteger interesses econômicos de milícias e a fim de desencorajar atos de oposição política de Marielle, à época filiada ao PSOL.
Pessoas negras são as mais injustiçadas, segundo todos os dados de investigação social que se tem notícia no Brasil. Marielle era uma mulher preta da favela, defensora de Direitos Humanos e socióloga. Anderson trabalhava com a ex-vereadora como motorista e também cresceu em uma favela.
Agora, depois de todos esses anos, cinco homens brancos, que planejaram todo o bárbaro crime, finalmente viraram réus. Que o julgamento possa dar a eles o contraditório, mas que seja célere para que o Brasil não perpetue mais uma injustiça.