
A construção de Débora Rodrigues dos Santos, a bolsonarista que vandalizou a estátua em frente ao Supremo no 8 de Janeiro, como símbolo da “perseguição” de Alexandre de Moraes é a maior jogada política da extrema direita dos últimos tempos.
Conhecida como “mulher do batom”, a cabeleireira transformou-se no norte da narrativa que pretende amealhar mais de 300 votos de parlamentares no Congresso Nacional para o projeto de anistia aos golpistas.
É uma estratégia que tirou o STF da zona de conforto a ponto de o “ministro xerife” ceder e mandá-la para a prisão domiciliar nesta sexta, 28.
Ainda que se saiba que ela não fez apenas a pichação na estátua – e que ela participava ali de um movimento para pressionar um golpe de estado com a ajuda da banda podre das Forças Armadas -, Débora ganhou a batalha contra Xandão.
A ida dela para casa pode ajudar ainda mais a narrativa de que há exageros na mais alta corte do país.
É que o caso da cabeleireira, por ter dois filhos e ter pedido desculpas à corte, alegando que foi “sendo levada pela momento”, continuará a ser aproveitada na próxima manifestação da extrema direita marcada para o dia 6 de abril na avenida paulista.
“Levem a arma que ameaçou a democracia, um batom”, bradou Flávio Bolsonaro, o filho Zero Um do ex-presidente, às mulheres que estarão presentes no ato que promete não ser um fiasco como o último em Copacabana.
O pano de fundo, contudo, não tenham dúvidas, leitores: é a anistia. Anistia aos golpistas do dia 8, aos generais de quatro estrelas que queriam rasgar mais uma vez nossa constituição, à cúpula do governo anterior e a Jair Bolsonaro, o ex-presidente líder da trama.
A construção do símbolo Débora Rodrigues dos Santos nada mais é que o Cavalo de Tróia para a impunidade.