Nesta quarta-feira, 26, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) completa 50 anos. A Embrapa tem como missão “viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em benefício da sociedade brasileira”. A empresa foi criada pouco depois da Embraer (1969), do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (1970) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE (1971), no contexto dos grandes projetos de construção civil, autonomia energética e alimentar executados pelo governo brasileiro.
O desenvolvimento da agricultura era vital para atender a demanda crescente por alimentos, dado o acelerado crescimento populacional. Além disto, o país almejava expandir a exportação de grãos, já que até então a produção de commodities agrícolas era limitada a café, açúcar, cacau e algodão.
De fato, a agropecuária brasileira expandiu de modo impressionante desde então e a Embrapa exerceu protagonismo no incremento biotecnológico, no mapeamento genético de culturas econômicas, na conquista de novos mercados, nos recordes de safras de grãos e na incorporação do cerrado à agricultura moderna do país.
Foi a tecnologia da Embrapa que abriu portas para plantações de soja em larga escala e pastagens expansivas em pleno solo ácido do cerrado. Por causa da Embrapa diversos autores afirmam que o cerrado brasileiro se transformou no “celeiro global”. A revista The Economist(2010), por exemplo, denominou a atuação da Embrapa de “milagre do cerrado”.
Em 2022, a Embrapa apresentou um balanço social impressionante: o lucro social de R$ 125,88 bilhões, gerados a partir do impacto econômico no setor agropecuário de 172 novas tecnologias. Entre os avanços neste último ano está o impacto econômico da chamada “Fixação Biológica do Nitrogênio” na cultura da soja, tecnologia desenvolvida pela Embrapa responsável por uma economia de R$ 72 bilhões em fertilizantes nitrogenados. Na divulgação deste balanço, o atual presidente da Embrapa, Celso Moretti, afirmou: “para cada R$ 1 aplicado na Embrapa em 2022, foram devolvidos R$ 34,70 para a sociedade brasileira”.
Para manter a Embrapa na vanguarda tecnológica mundial, as autoridades públicas e os gestores da Embrapa precisam estar atentos ao conjunto de críticas comumente apontadas ao complexo agropecuário brasileiro, que inclui temas como: o impacto ambiental prejudicial da especialização da soja e da intensificação de agroquímicos; a grilagem de terras e concentração de riquezas; a perda de biodiversidade, de práticas e identidades socioculturais nos territórios rurais. Felizmente, os relatórios dos últimos anos apontam na direção de enfrentar estas questões.
A Embrapa é uma instituição vencedora, uma joia brasileira, instrumental na consecução de objetivos constitucionais como o desenvolvimento nacional e a autonomia tecnológica. Se o solo é composto por 25% de ar, 25% de água, 5% de matéria orgânica e 45% de minerais que influenciam nos nutrientes, no Brasil, ele também é 100% Embrapa.
** Davi Lago é coordenador de pesquisa no Laboratório de Política, Comportamento e Mídia (PUC-SP), diretor-executivo do Instituto Não Aceito Corrupção, doutorando em Filosofia e Teoria do Direito pela USP.