A grande responsabilidade do Congresso após a volta do X
... e a inação em relação à regulamentação de todas as redes sociais
A rede social X voltou a ser acessada no Brasil depois de um gancho de 40 dias determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas o episódio tornou ainda mais urgentes as respostas legislativas a questões que pairam sobre o Brasil já há muito tempo.
Vamos lembrar: Moraes deu ordem para tirar o X do ar porque a empresa, que pertence ao bilionário trumpista Elon Musk, fechou seu escritório no Brasil e se negou a manter um representante no país para responder por suas operações –o que inclui receber notificações judiciais. A empresa também foi multada por descumprir as ordens dadas pelo STF para que bloqueasse perfis que disseminavam mentiras e discurso de ódio.
Não apenas pelo X, Alexandre de Moraes já se tornou uma figura politicamente contestada. Frequentemente, o ministro é acusado de tomar decisões que colocam em dúvida os limites do poder atribuídos aos ministros do STF. Também é inegável que ele foi a autoridade mais relevante para conter o golpe de Estado gestado por grupos alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Não é coincidência que a tentativa mal-sucedida de golpe tenha tido como principais ingredientes itens relevantes na série de decisões de Moraes contra o X: o discurso de ódio e as mentiras e distorções disseminadas para manipular a população contra o sistema eleitoral. Acrescente-se a isso o alinhamento do X e de seu proprietário com Donald Trump, que é uma espécie de mentor da visão de mundo compartilhada pelo bolsonarismo golpista.
Neste cenário, o Congresso Nacional não se movimentou para proteger a democracia e a Constituição. A omissão do Poder Legislativo, portanto, é a responsável pelo desequilíbrio entre os Poderes. Nada mais razoável e legítimo do que o Judiciário cumprir seu papel de protetor do Estado Democrático de Direito no momento em que Câmara e Senado parecem estar perdidos ou atrasados na tarefa de produzir leis eficazes contra o uso das novas tecnologias para perpetrar investidas golpistas.
A regulamentação das redes sociais foi enterrada pelo presidente da Casa, Arthur Lira, que criou um grupo de trabalho para inglês ver. É hora de o país enfrentar esse tema com a seriedade que ele merece.