Após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos atos golpistas de 8 de janeiro, o bolsonarismo extremista nas redes sociais tenta se reagrupar em torno das eleições para a Presidência do Senado, restrita aos 81 membros da Casa. Na visão dos seguidores de Bolsonaro, o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, defensor da democracia e que tenta a reeleição, não teria interesse em dar seguimento às pautas dos radicais, devendo ser substituído pelo aliado de Bolsonaro, o senador recém-eleito Rogério Marinho. Diante disso, a eleição no Senado se tornou a última barreira a ser vencida contra a tentativa de avanço dos extremistas.
Entre as pautas bolsonaristas, estão a defesa do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, os ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), o questionamento do resultado das eleições presidenciais e das urnas eletrônicas, além de projetos como a redução da maioridade penal, mais acesso a armas, ampliação do uso de agrotóxicos e o avanço sobre as terras indígenas. Para impor suas pautas, os bolsonaristas vem acusando Pacheco de “omissão” e o chamando de “traidor da pátria” e “canalha”, entre outros xingamentos, nas redes sociais. A estratégia é similar ao modus operandi do “gabinete do ódio” – termo usado para se referir aos assessores de Bolsonaro responsáveis pela comunicação nas redes.
Pacheco foi aplaudido de pé no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), logo após o anúncio do resultado das eleições que deram a vitória a Lula – um baita respaldo aos seus posicionamentos em defesa da democracia, do processo eleitoral e da independência dos poderes. Em função dessa postura, integrantes do próprio partido de Marinho sabem que as eleições do Senado servirão, no máximo, como oportunidade de evitar a dispersão dos bolsonaritas nas redes, já que o ex-presidente Bolsonaro “se exilou” nos Estados Unidos e abandonou esse eleitorado viciado em lives e postagens nas redes.
Apesar disso, Marinho e lideranças do PL difundem nas redes a narrativa de que as eleições no Senado estariam “acirradas”, com chances de vitória pelo lado bolsonarista. As declarações incomodam a maioria dos líderes partidários contrários aos atos golpistas e cientes de que as invasões ao Congresso, Supremo e Planalto praticamente enterraram as chances de um candidato apoiado por Bolsonaro conquistar o comando do Senado.
Pelas contas dos líderes, Pacheco tem a maioria dos votos e é o favorito. Marinho tenta se desvencilhar das suspeitas de que estaria incentivando os ataques pelas redes sociais. Mas os atos desesperados e os ataques agressivos pelas redes já foram associados a ele e fazem parte de mais um triste capítulo da democracia brasileira, que resiste bravamente e tende a colocar um fim no bolsonarisno radical e golpista.