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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog

A educação cidadã e sustentável

Em artigo enviado à coluna, a advogada Madalena Rodrigues mostra o caminho para ‘uma democracia pautada no bem-viver’

Por Madalena Rodrigues
13 out 2025, 08h13

 

 

Em Belém do São Francisco, Sertão pernambucano, uma menina de 11 anos foi espancada há poucos meses por crianças da mesma faixa etária após dizer não a um pedido de namoro dentro de uma unidade de ensino municipal. Vivenciar um recreio diferente onde a misoginia e o machismo estejam fora do cotidiano escolar não será mais possível para Alícia Valentina. Infelizmente, ela não sobreviveu.  


Lembrei desse caso inúmeras vezes enquanto participava, representando a Escola da Democracia, do Encontro Nacional de Educação Cidadã (ENEC) e da reunião do Conselho Consultivo para a Educação Democrática (CCED), no mês de  outubro, em São Paulo. Foram dois dias de intensas reflexões com organizações da sociedade civil, entes governamentais e outras instituições, sobre o papel da educação no fortalecimento de valores democráticos entre crianças e adolescentes e quais as vias possíveis para implementação de uma educação cidadã nas escolas brasileiras.

Como um raio de sol que teima em iluminar uma longa estrada desde longe, surge a Portaria MEC Nº 642, de 16 de setembro de 2025, após mobilização de mais de 120 organizações integrantes da Rede Nacional de Educação Cidadã. O dispositivo institui o Programa Educação para a Cidadania e para a Sustentabilidade, cuja finalidade é “promover ações destinadas ao fortalecimento e consolidação de esforços e iniciativas de educação para a cidadania e para a sustentabilidade em contexto escolar, ao longo de toda a educação básica, na perspectiva de assegurar a implementação dos temas transversais contemporâneos, expressos na Base Nacional Comum Curricular – BNCC”. A proposta é desenvolver competências para que crianças e adolescentes estejam aptos e aptas ao pleno exercício da cidadania e à participação autônoma, responsável e solidária no convívio social em uma democracia.

Os estudantes deverão vivenciar ensinamentos, dentre outros temas, sobre a valorização das múltiplas formas de participação social e política; o pluralismo de ideias e a valorização da diversidade; sobre a importância da defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania. A expectativa é que o programa alcance 1 milhão de estudantes por ano, com adesão voluntária de estados e municípios.

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Neste contexto, é inegável que a portaria expressa avanços significativos, mas também evidencia desafios. A articulação da sociedade civil é crucial, sendo indispensável a construção de uma estratégia robusta para fomentar essa adesão no menor tempo possível e de forma eficiente. Nossas crianças e adolescentes não podem esperar por um futuro incerto diante de um presente deveras ofensivo. Ao olharmos para o passado, vemos um vasto repertório de lutas e direitos conquistados. Não faltam motivos para acreditar que sim, é possível uma educação para a cidadania e sustentabilidade em todas as escolas públicas brasileiras.

A vida de Alícia Valentina não pode ser trazida de volta, mas uma sociedade onde o bem-viver seja elemento consolidado num verdadeiro estado democrático de direito já está a caminho. Quem ousará não subir nesse bonde por uma escola mais crítica, humana, saudável e sustentável?

 

* Madalena Rodrigues é advogada e Diretora de Desenvolvimento Institucional da Escola da Democracia. Mestranda em Ciências Criminais pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Enquanto grantee do IIE – The Power of International Education, coordenou a pesquisa “Retratos da política no Recife: um estudo sobre mandatos do legislativo municipal e o eleitorado pelo fortalecimento da democracia”, financiada pela Open Society Foundations (OSF)

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