A base de Lula na Câmara está fraca? É mais complicado que isso. Confira
Ou... A verdade sobre o apoio ao governo petista no Congresso

É inegável. O presidente Lula nunca teve tanta dificuldade para formar uma base no Congresso Nacional como neste seu terceiro governo.
Há muita insegurança sobre os votos que a gestão petista tem na Câmara, mas existem outras coisas que, conversando com governistas, opositores e aliados de Arthur Lira, presidente da Casa, ficam mais evidentes.
A coluna mostra a seguir.
A “derrota” no PL das Fake News (a votação acabou sendo adiada) foi mais de Lira do que de qualquer um, mesmo que Lula tenha também colocado a máquina do governo para trabalhar em favor do projeto de lei.
Lira aprovou a urgência do projeto, marcou o dia da votação, trabalhou pela sua aprovação, mas, quando viu que poderia perder, aceitou o pedido do relator Orlando Silva para tirá-lo da pauta.
Se a forma como o governo se relaciona com o Congresso mudou em 20 anos, do Lula-1 ao Lula-3 – com a maioria dos votos sendo centralizada pelo presidente da Câmara –, a “derrota” de um PL defendido por Lira precisa também ser dividida com ele.
Dito isso, o revés no decreto de mudança do marco do saneamento, na mesma semana, é de fato de Lula e de seus ministros que fazem a articulação política.
É preciso lembrar, contudo, o que aconteceu no dia seguinte. O governo Lula aprovou um projeto que enviou ao Congresso recentemente, em 8 de março: o da equiparação salarial entre homens e mulheres, bandeira contra a qual a direita sempre se posicionou.
E qual a conclusão disso? Não se pode tirar a ideia de que, no caso do marco do saneamento, o governo só tem aqueles votos. Da mesma forma, não se pode dizer que a vitória em relação ao salário das mulheres significa que o governo está bem na Câmara. A verdade é que, ao menos neste primeiro ano, isso será testado projeto a projeto.
Aliás, o teste maior será na questão do arcabouço fiscal, que deve ser votado na semana que vem. A discussão pode acontecer na próxima quarta, com Lira chegando a Brasília somente na quinta, após uma viagem oficial pela Câmara.
Aí, sim. Este será o grande teste. Simples.
Ou anda ou desanda o governo Lula.