Comando do golpe estava ‘no coração do Planalto’, diz Paulo Pimenta a VEJA
O ministro da Secom afirmou que a trama contra a eleição de Lula 'não teria sido planejada e orquestrada sem a participação direta do Bolsonaro'
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, afirmou, em entrevista ao programa Ponto de Vista, de VEJA, desta quinta-feira, 21, que as investigações da Polícia Federal mostram que o comando para a realização de um golpe de Estado para impedir a posse de Lula estava “no coração do Planalto” e do governo de Jair Bolsonaro. O petista também disse que as novas revelações, que incluem um plano para assassinar o então presidente eleito, indicam a existência de uma “organização criminosa”.
“Em primeiro lugar (vejo) com perplexidade. Em segundo lugar, com indignação. Não estamos falando de fatos triviais, mas de fatos muito graves. Tanto em função do conteúdo como também dos personagens diretamente envolvidos. Nós estamos falando de uma organização criminosa, de uma ação que foi encontrada no computador do Mauro Cid, que era ajudante de ordens do Bolsonaro. Nesse mesmo computador onde estava a minuta do golpe”, respondeu Pimenta ao ser perguntado sobre a reação do governo ao saber da trama.
“O general Mario Fernandes (preso pela PF nesta terça) era secretário-executivo da Secretaria-Geral do governo (Bolsonaro), uma pessoa muito próxima do Bolsonaro. Estamos falando de pessoas que eram muito próximas ao presidente da República. Estamos falando de uma organização criminosa, perigosa, que teve a audácia de planejar o assassinato do presidente Lula, do Alckmin, do Alexandre de Moraes e que infelizmente tinha a cadeia de comando no coração do Planalto, no coração do governo, no coração da própria campanha do Bolsonaro”, continuou o ministro.
Questionado sobre a participação do próprio ex-presidente no plano golpista, o chefe da Secom salientou que não é possível, “em sã consciência imaginar que toda essa ação criminosa teria sido planejada e orquestrada sem a participação direta do Bolsonaro”. Para o ministro, todo o comportamento do ex-presidente, “questionando a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro e as urnas eletrônicas”, bem como “a maneira como ele se portava depois da eleição” são indícios de que ele sabia do plano.
“Qualquer pessoa que conhece o Bolsonaro e sabe o nível de intimidade que ele tinha com Cid, Mario Fernandes e Braga Netto teria muita dificuldade de acreditar que ele não é o principal nome dessa organização criminosa para executar um crime que ele seria o principal beneficiário”, ressaltou Pimenta.
O ministro também disse que “a postura do comando das Forças Armadas nesse processo tem sido extremamente correta” e que as investigações podem ajudar a “preservar a própria instituição” e que o Brasil, por ser um país sem tradição de responsabilizar altas figuras das Forças Armadas por golpe, tem “uma oportunidade de consolidar uma cultura democrática”. “Isso passa pela responsabilização exemplar de todos aqueles que atentaram contra a democracia e contra o Estado democrático de Direito”, afirmou.
Pimenta comentou sobre a possibilidade de o projeto de anistia aos golpistas do 8 de Janeiro que tramita na Câmara passar, que para ele é nula, ainda mais “depois do que aconteceu a semana passada (explosões em frente ao STF) e com os fatos que estão se tornando públicos a partir dessa operação dessa semana”. “Não há nenhum espaço no Brasil para que a gente possa flertar com a impunidade. A impunidade é o fermento do ódio, da intolerância, da violência. Então, não creio, sinceramente não creio, que exista espaço para poder prosperar qualquer tentativa dos golpistas nesse sentido”, afirmou o ministro.
O ministro ainda respondeu aos colunistas Ricardo Rangel e Marcela Rahal sobre o G20, que segundo ele “superou todas as expectativas” do governo, e do pacote de corte de gastos que deve ser anunciado em breve pela equipe econômica, o qual ele disse preferir chamar de “ajustes”.
Assista abaixo à entrevista completa com Paulo Pimenta:
Como foi a operação da PF?
Na operação da Polícia Federal realizada terça-feira, 19, quatro militares e um agente da própria PF foram presos, incluindo o ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência no governo Jair Bolsonaro, general Mario Fernandes. Ainda de acordo com a PF, um plano com detalhamento operacional, chamado de Punhal Verde e Amarelo, foi identificado e seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, data em que a chapa Lula-Alckmin já havia sido eleita pelo voto popular. O então vice eleito e o ministro do STF Alexandre de Moraes também seriam executados, de acordo com a trama.
Sobre o programa
O Ponto de Vista é apresentado por Marcela Rahal, transmitido ao vivo às 12h, e também trata das principais notícias do dia.
Você pode participar mandando sua pergunta em nossas redes sociais ou pelo chat.
A entrevista é transmitida simultaneamente no YouTube e na homepage de VEJA e para os inscritos no canal de VEJA no WhatsApp.
YouTube: https://www.youtube.com/c/veja
Inscreva-se nos canais de VEJA nas redes sociais e fique por dentro de tudo sobre o novo programa.
Facebook: https://www.facebook.com/Veja/
Instagram: https://www.instagram.com/vejanoinsta/
Leia mais sobre o Ponto de Vista e sobre os bastidores da política nacional:
https://veja.abril.com.br/coluna/marcela-rahal
Baixe o aplicativo de VEJA para Android e iOS gratuitamente nos links abaixo e fique pordentro das principais notícias do dia: