Os bastidores da saída de Renan da CPI da Braskem
Senador queria relatoria de investigação sobre afundamento de bairros de Maceió
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) foi à sala da CPI da Braskem com dois discursos bem diferentes. Um seria lido caso fosse mantido um acordo de bastidor com seu antigo colega de CPI da Covid, Omar Aziz.
O outro, se a desconfiança de “trairagem”, expressão de um aliado, fosse confirmada, e ele ficasse sem a relatoria da investigação de um dos piores acidentes ambientais da história do país.
Renan teve que usar o segundo.
O sinal de que a corda estava roendo e Renan poderia ser alijado da CPI e trocado por um petista tocou no Palácio do Planalto.
De lá, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, ligou para o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, para garantir que o governo não passou perto dessa articulação.
Sem a vaga, o discurso usado por Renan Calheiros atribuiu a “mãos ocultas, mas visíveis, me vetaram na relatoria”.
O presidente Omar Aziz justificou a opção por Rogério Carvalho (PT-SE) “ pra que a gente possa ter uma investigação totalmente isenta, de pessoas ligadas a Alagoas.”
Renan Calheiros disputa cada palmo de poder em Alagoas com o presidente da Câmara.
Arthur Lira (PP-AL), é aliado do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PP-AL), que fechou acordo com a petroquímica no valor de R,6 bilhão para conter danos causados pela petroquímica na região.
Lira chegou a falar numa reunião convocada por Lula, com participação de Renan, que temia que a CPI fosse politizada. Após o encontro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, citou “pacto” para deixar disputas políticas de lado.
Além disso, integrantes do governo se colocaram ao longo do processo de criação da CPI contra as investigações que podem acabar respingando na Petrobras, uma das maiores acionistas da Braskem.
Renan, no entanto, acredita que se fosse relator da CPI acabaria desmoralizado por ter minoria no colegiado e não conseguir aprovar “requerimentos banais de convocação”, de acordo com um aliado.