A meta de Lira para deixar legado na presidência da Câmara
Apesar de falar sobre a dificuldade de aprovar pacote de gastos, presidente da Casa tem se empenhado nos bastidores para agilizar medidas
O presidente da Câmara, Arthur Lira, almeja capitalizar a aprovação do pacote de corte de gastos como legado de sua gestão à frente da Casa. Apesar de dizer publicamente que será muito difícil aprovar as matérias e que o governo ainda não tem votos suficientes, nos bastidores há forte articulação para agilizar as medidas antes do recesso, segundo parlamentares.
“Vai levar no peito “, diz uma fonte do governo sobre o deputado federal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está confiante de que a aprovação sairá ainda neste ano. Com isso, a ideia é economizar cerca de R$ 70 bilhões em dois anos.
As medidas são sensíveis, envolvem novas regras para o salário mínimo, abono salarial, BPC, revisão de benefícios sociais e outras propostas. Entre as metas, tem até uma PEC, Proposta de Emenda à Constituição, que precisa ser aprovada em dois turnos na Câmara e no Senado com ampla maioria, o que em tese é bem difícil de se concretizar.
O cenário não é dos melhores, mas após a portaria publicada pelo governo, nesta quarta-feira, 11, que prevê a facilitação para liberação de emendas, a situação tende a melhorar na visão de parlamentares governistas. À coluna, o deputado Jilmar Tatto, secretário de Comunicação do PT, diz que acredita que tudo será votado antes do recesso, a mesma visão tem o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que também aposta na aprovação até o fim do ano.
O vice-líder do governo na Câmara, Pedro Paulo (PSD-RJ), já é bem mais cauteloso, e admitiu à coluna que é difícil aprovar algo significativo, “mas estamos tentando”, ressaltou. O líder do Republicanos na Câmara, Hugo Motta, ainda afirmou que a nova portaria pode fazer com que o clima melhore na Casa.
Um fato que também pesa nessa balança é a internação do presidente Lula após sofrer uma hemorragia intracraniana, na última segunda. Lula está bem, mas segue na UTI, e deve receber alta apenas na semana que vem. Parlamentares avaliam que o núcleo de articulação política do governo não tem autonomia, nem habilidade, para decidir sem o petista.
Essas questões todas impõe muitas dificuldades para a aprovação do pacote que pretende equilibrar as contas públicas, essencial para o andamento do país. Além da aprovação da reforma tributária, o presidente da Câmara quer se despedir do cargo com mais esse legado de, apesar de tantos empecilhos, ter força política suficiente para votar as medidas. O prazo é curto, vai até o fim da semana que vem.