A dupla vitória de Lula entre os Poderes
A jogada que fez o presidente ganhar apoio no Senado e no STF

As indicações para a PGR e para o STF tiveram um fim revelador: Lula conseguiu em uma semana agradar Judiciário e Legislativo. Até a semana passada, o cenário era bem mais dramático, a briga que estava restrita entre Senado e Supremo caiu no colo do presidente Lula depois que o líder do governo, senador Jaques Wagner, resolveu votar a favor da PEC que limita os poderes das decisões individuais na Suprema Corte. O voto foi visto como decisivo para a aprovação da proposta na Casa.
O fato gerou irritação do Supremo com o governo Lula. O presidente logo tratou de acalmar os ânimos e chamou os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, que são os mais chegados e influentes, para um jantar. Depois disso, nos bastidores, eles deram como certas as indicações do ministro da Justiça, Flávio Dino, para o STF, e do vice procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, para a PGR, nomes defendidos por ambos. O que foi confirmado nesta segunda (27).
O movimento, no entanto, foi interpretado nos bastidores da seguinte forma: o senador Jaques Wagner teria votado a favor da PEC para que, na verdade, o presidente do Senado e seu colega da CCJ Davi Alcolumbre apoiassem a indicação de Dino no Supremo (e de quebra, para outras pautas importantes para o governo).
Sim, o STF ficaria irritado com a aprovação do projeto. O prêmio, então, seria exatamente o que Gilmar e Moraes queriam: as indicações de Dino e Gonet.
Mas, agora, com a ajuda de Pacheco e Alcolumbre, já que o ministro da Justiça sofre muita resistência no Senado. Inclusive, dos dois que vão “fazer esforços concentrados para analisar as indicações ainda neste ano”, como prometeu Pacheco em entrevista coletiva, logo após o anúncio de Lula.
Se esse foi realmente o roteiro, o diretor de House of Cards que se cuide.