Zema ironiza o 1º de Maio: ‘De luto pelos aposentados roubados pelo PT’
Governador de Minas Gerais foi às redes criticar escândalo de desvios no INSS que chegam a mais de R$ 6 bilhões, segundo investigações

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foi às redes sociais nesta quinta-feira, 1º, para alfinetar o governo Luiz Inácio Lula da Silva pelo escândalo de desvios no INSS. Na última semana, a Polícia Federal deflagrou uma operação que expôs que o órgão havia feito descontos ilegais em aposentadorias e pensões que somam mais de 6 bilhões de reais.
“Hoje era para o Brasil estar celebrando o Dia do Trabalhador, mas, na verdade, está de luto. Porque quem trabalhou a vida inteira foi roubado. Foram 6 bilhões de reais da sua aposentadoria, e sabe para quê? Para comprar joia, obra de arte, carrão tipo Porsche e Ferrari”, diz Zema em vídeo publicado no X (antigo Twitter).
O mandatário, opositor ferrenho de Lula e aliado de Jair Bolsonaro, criticou ainda a ausência de providências do governo em relação ao atual ministro da Previdência, Carlos Lupi. Como desdobramento do escândalo, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido do cargo.
“E o que o Lula fez até agora? Nada. O Lupi continua ministro da Previdência. Como é que o Lula não demite um ministro que deixa roubar os aposentados? O Lula está com medo de quê? Que as investigações cheguem a mais companheiros dele? Eu não me calo. Vamos juntos acabar com essa quadrilha”, afirmou o governador.
A oposição a Lula tem se movimentado contra a permanência de Lupi no cargo. Nesta quinta, 1º, o líder da oposição ao governo na Câmara, o deputado federal Zucco (PL-RS), ofereceu uma representação criminal à Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o titular da Previdência.
O parlamentar alega que, apesar do suposto esquema ter começado em 2019, os descontos ilegais em folha a título de contribuição associativa se intensificaram em 2023 — ano em que Lupi assumiu a pasta — e que, mesmo com indícios das ilegalidades, Lupi e membros do alto escalão do INSS não tomaram providências.
Paralelamente, um grupo ainda maior, formado não apenas por membros da oposição, mas também por integrantes de partidos que formam a base de apoio a Lula, defendem a abertura de investigação do escândalo. O pedido de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS já tem 185 assinaturas — metade delas sendo de parlamentares de legendas da base aliada.
Em audiência na Câmara nesta semana, o próprio ministro Carlos Lupi afirmou que “havia um descontrole no INSS”, o que, segundo ele, era de conhecimento público há tempos.
1 de Maio de Luto pelos aposentados roubados pelo PT. pic.twitter.com/NtCdIUSaXF
— Romeu Zema (@RomeuZema) May 1, 2025
Esquema de fraudes
A investigação sobre um esquema de fraudes no INSS já atinge 11 entidades de classe suspeitas de realizar descontos associativos não autorizados por aposentados e pensionistas. Os desvios, feitos entre 2019 e 2024, podem chegar a 6,3 bilhões de reais. As entidades suspeitas de envolvimento teriam cobrado mensalidades de aposentados e pensionistas sem autorização.
As mensalidades associativas são descontadas do valor pago pelo INSS a aposentados e pensionistas, mas necessitam do consentimento do beneficiário. Os descontos ocorrem por meio de Acordos de Cooperação Técnica entre o INSS e associações de aposentados e sindicatos. Entre abril e julho de 2024, a CGU entrevistou 1.273 aposentados ou pensionistas para averiguar se descontos efetuados em seus benefícios haviam sido previamente autorizados. Apenas 31 disseram ter autorizado qualquer desconto, levantando suspeitas de fraude.
Além das onze entidades de classe que foram atingidas pela operação, outras 20 entidades também são suspeitas de cobrar mensalidades irregulares, mas ainda não foram diretamente impactadas pelas ações da investigação. A investigação aponta que assinaturas de beneficiários do INSS como parte do esquema fraudulento.