Ubatuba: como estão os 4 tripulantes que sobreviveram à queda de um avião
Todos são integrantes da mesma família, e uma mulher se encontra em estado grave; outra mulher, que foi atingida na queda, passou por cirurgia

Quatro tripulantes da aeronave que caiu em Ubatuba, município do litoral norte paulista, na manhã de quinta-feira, 9, saíram vivos do acidente. Trata-se da família de Bruno Almeida Souza, de 48 anos, Mireylle Fries, de 41 anos, e seus filhos de 4 e 6 anos de idade. Bruno e as crianças estão estáveis, segundo informações da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo — já a mãe está em estado grave. Todos estão no Hospital Regional do Litoral Norte, em Caraguatatuba.
Inicialmente, logo após o resgate, os sobreviventes foram encaminhados para a Santa Casa de Ubatuba. Depois, com o auxílio do helicóptero Águia da Polícia Militar, eles foram levados ao Hospital de Caraguatatuba, onde seguem internados. Segundo informações extraoficiais, Mireylle passou por uma cirurgia de emergência. Ela é filha de Maria Gertrudes Fries e Milton Fries, registrados como donos do avião que caiu. A família Fries é famosa no interior de Goiás pela atuação no agronegócio e Milton é conhecido como um dos grandes produtores de soja do estado.
Mais uma pessoa, que não estava no avião, sobreviveu ao acidente. Uma mulher, de 59 anos, estava nos arredores da Praia do Cruzeiro, onde o avião caiu. Na manhã desta sexta-feira, 10, ela foi transferida da Santa Casa de Ubatuba para o Hospital Regional do Litoral Norte para passar por um procedimento cirúrgico. Segundo relatos, ela teve uma fratura exposta ao tentar fugir dos escombros da aeronave.
A única pessoa que morreu no local do acidente foi o piloto Paulo Seghetto, de 55 anos. Ele pilotava para a família Fries há cerca de vinte anos. O corpo de Seghetto será velado nesta sexta-feira, 10, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. O piloto ficou preso às ferragens do avião. Ao ser resgatado, ele estava com uma parada cardiorrespiratória, passou por uma tentativa de reanimação, mas não resistiu.
Especialista estima causas do acidente
Para o especialista em segurança da aviação, Lito Sousa, além das condições climáticas, o tamanho da pista de pouco mais de 500 metros deve ter influenciado no acidente. Os investigadores devem avaliar a velocidade da aeronave com base nos vídeos, calculando a distância entre o local exato onde o avião toca na pista e a mureta, onde o veículo colidiu, e o tempo em que a colisão ocorreu. Para ele, o principal ponto da investigação será se baseado no peso do avião na hora do pouso, se a performance daquele tipo de aeronave permitira o pouso naquela pista com água.
Sousa também especula alguns motivos que podem explicar o fato de terem sobreviventes no acidente. No primeiro choque na mureta, o avião perde a asa, que é a parte da aeronave que carrega o combustível, a bola de fogo que se iniciou após a colisão não tomou maiores proporções porque apenas o “charuto do avião” foi projetado em direção ao mar.
“Apesar da violência do impacto, como o charuto da aeronave, a fuselagem, ela ficou em boas condições, mesmo com o choque. Entre a pancada até chegar no mar, foram várias colisões, isso diminuiu a energia da aeronave, seria a massa com a velocidade, foi diminuindo gradativamente. E isso permitiu com que as pessoas sobrevivessem. Se o avião tivesse parado no primeiro choque e ele não tivesse se movido, provavelmente não teria sobreviventes”, explicou.
Detalhes do acidente
De acordo com a Voa SP, concessionária do Aeroporto de Ubatuba, o voo saiu do Aeroporto Municipal de Mineiros, município de Goiás próximo à divisa com Mato Grosso, e tentou pousar no terminal no litoral paulista, mas teve complicações devido às condições meteorológicas, com chuva e pista molhada. O avião passou pela pista, atravessou o alambrado do terminal, passou por uma avenida movimentada, até invadir a praia e parar dentro do mar. Vídeos de câmeras de segurança mostram o avião passar reto pela pista de pouso e explodir.
A aeronave de prefixo PR GFS era um modelo Cessna Citation 525 CJ1. Classificado como “um jato corporativo leve”, o avião bimotor tem capacidade para até oito pessoas.
Para mais informações sobre as causas do acidente, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB), está com uma equipe de investigadores no local para a coleta e confirmação de dados. Em nota, o órgão afirma que “a conclusão dessa investigação terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”. Agentes da Defesa Civil, Guarda Civil Municipal, Secretaria de Segurança de Ubatuba, dos bombeiros e da Polícia Militar estiveram no local.
O Ministério Público de São Paulo também instaurou um procedimento para apurar as circunstâncias que levaram à queda do avião. O promotor Tiago Antonio de Barros Santos pediu informações à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e ao Cenipa, além de verificar a regularidade da aeronave junto ao aeroporto de Ubatuba. As demandas têm de ser respondidas até sábado.