Totonero: operação mira jogador da Série A por suspeita de fraude em jogo
Investigação quer saber se atacante Ênio, do Juventude, estaria envolvido com acerto para receber cartão durante jogo do Brasileiro

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço de investigação criminal do Ministério Público do Rio Grande do Sul, realizou nesta terça-feira, 20, uma operação para investigar o jogador Ênio, do Juventude, clube da Série A do futebol brasileiro, e outras pessoas suspeitas de envolvimento em casos de manipulação de resultados de partidas oficiais para apostas. Foram cumpridos dois mandados de busca, um na casa do atleta e outro no armário pessoal do jogador no Estádio Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul.
“Os crimes investigados são os de organização criminosa, artigo 198 da Lei Geral de Esporte e, ainda, eventual estelionato associado. Sobre o artigo 198, trata-se de solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsificar o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado. A pena é de dois a seis anos de prisão, além de multa”, informou o MP gaúcho.
O alerta para suspeita de manipulação partiu da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) depois de diversos registros apontado para aposta de que o atleta receberia cartão durante uma partida da Série A. “Também pelo fato de que pessoas ligadas ao alvo, tanto no mês passado, quanto agora, estariam entre os apostadores. Os valores apostados não foram divulgados”, disse a Promotoria.
O Juventude, por meio de nota, informou ter colaborado com acesso de integrantes do Gaeco ao estádio em que manda jogos pelo Campeonato Brasileiro. “Reiteramos nosso compromisso com a integridade e a transparência”, diz trecho da nota.
A Operação Totonero faz referência ao escândalo de manipulação de jogos ocorrida na Itália entre os fins dos anos 1970 e começo dos anos 1980. Jogadores de times como Milan, Lazio e Bologna, por exemplo, teriam participado de acertos de resultados antes das partidas.
Um dos maiores clubes do mundo, o Milan foi rebaixado para Série B e disputou a segunda divisão na temporada de 1980/1981 como punição. Paolo Rossi, astro italiano da Copa do Mundo de 1982, foi suspenso por dois anos, apesar de o jornalista Piero Trellini citar no livro “Anatomia do Sarriá: Brasil x Itália, 1982” que Rossi teria sido vítima e jamais participado das ações imorais. Ninguém respondeu criminalmente pelos atos na Itália porque não havia legislação para manipulação de jogos.
Nota do Juventude
O Esporte Clube Juventude informa que tomou conhecimento, na manhã desta terça-feira (20) e colaborou fornecendo os acessos necessários para ação do GAECO/MPRS, tanto no estádio Alfredo Jaconi quanto no CT do Clube.
Reiteramos nosso compromisso com a integridade e a transparência, e continuamos à disposição das autoridades para colaborar com o que for necessário.
O Clube seguirá atento aos desdobramentos desta ação e tem total interesse em acompanhar o completo esclarecimento dos fatos.