Tarifaço: os primeiros passos da comitiva de senadores que vai aos EUA
Oito parlamentares desembarcam na próxima semana em Washington com objetivo de negociar sanções anunciadas sobre produtos brasileiros

Uma comitiva de senadores brasileiros desembarca na próxima segunda-feira, 28, nos Estados Unidos, com o objetivo de negociar os efeitos das tarifas anunciadas sobre produtos nacionais pelo governo Donald Trump.
O grupo é liderado pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa. Na última quarta-feira, 23, o parlamentar teve reunião com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para discutir detalhes da viagem. O chanceler assinalou os esforços do Itamaraty e outros ministérios por meio da força-tarefa comandada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.
Segundo Trad, estão previstos encontros com empresários americanos e brasileiros e com integrantes do legislativo norte-americano, em Washington. No primeiro dia da viagem, as reuniões acontecerão na embaixada do Brasil e, no dia seguinte, a comitiva se encontrará com cinco parlamentares no próprio Congresso americano. O grupo deve retornar ao Brasil na quarta-feira, 30.
Integram a comitiva, além de Trad, os senadores Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo Luiz Inácio Lula da Silva na Casa; Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura de Jair Bolsonaro; Fernando Farias (MDB-AL); Marcos Pontes (PL-SP), ex-ministro de Ciência e Tecnologia também de Bolsonaro; Esperidião Amin (PP-SC), Rogério Carvalho (PT-SE) e Carlos Viana (Podemos-MG).
Os parlamentares têm articulado simultaneamente conversas com, por exemplo, governadores aliados. Na última quarta, 23, Trad e Tereza Cristina estiveram com o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), recebendo demandas do estado, cujo principal componente da economia é o agronegócio — um dos setores a ser afetado pelo tarifaço.
“Vamos dialogar para abrir canais que protejam a economia e os empregos do Brasil, especialmente do Mato Grosso do Sul, forte no setor do agronegócio”, publicou Trad após o encontro.
Missão
A missão se define como tendo caráter “suprapartidário, institucional e estratégico”, com o objetivo de reabrir canais de diálogo político com o Congresso norte-americano diante das novas barreiras tarifárias impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
“Além de defender os setores produtivos nacionais, o grupo parlamentar buscará fortalecer a cooperação bilateral em temas como comércio, investimentos, cadeias produtivas, segurança jurídica e inovação”, diz o documento oficial dos senadores.
Superávit
Um dos argumentos a ser defendido pelo grupo nas negociações é o cenário atual das relações comerciais entre os dois países e o superávit americano em relação ao Brasil. Em 2024, pontua a comitiva, 12% das exportações brasileiras foram destinadas ao mercado estadunidense, totalizando vendas de 40,368 bilhões de dólares. Soma-se a isso o fato de que, de janeiro a junho de 2025, o Brasil exportou para os EUA 20,021 bilhões de dólares, e importou 21,695 bilhões de dólares, de modo que, tal qual em 2024, os EUA estão com superávit no comércio bilateral e são o segundo principal parceiro comercial do Brasil.
“Não nos interessa ter uma briga numa amizade, num comércio de 206 anos que nós temos com os americanos. Lembrando que nós somos deficitários. Nesse comércio Brasil-EUA, nós perdemos 7 bilhões de dólares por ano. Quer dizer, a gente compra mais do que vende pra lá”, publicou o senador Jaques Wagner.