Tarcísio diz que eleitor de SP não liga para ele não ser paulista. Será?
Nome escolhido por Bolsonaro para disputar o Palácio dos Bandeirantes, o ministro é carioca e mora em Brasília

Nome escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para disputar o governo de São Paulo com o apoio do Palácio do Planalto, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, minimizou na última terça-feira (15) a falta de laços com o estado. Já antecipando o clima da campanha eleitoral, o candidato, que é carioca e morador de Brasília, declarou que “esse negócio de não ser paulista, eu acho que ninguém está ligando para isso”. O ministro ainda acrescentou: “Será que é isso mesmo o que é importante? O pessoal está querendo saber o seguinte: ‘será que esse cara vai resolver o meu problema?'”.
A declaração certamente vai ser explorada pelos adversários, principalmente pelo vice-governador Rodrigo Garcia, candidato da situação à sucessão de João Doria. Além de ter nascido em Tanabi, no interior do estado, Garcia construiu sua carreira política em São Paulo, tem apoio da maioria dos prefeitos paulistas na campanha de 2022 e cultiva com orgulho seu sotaque caipira.
Além disso, a história de governantes de São Paulo prova que Tarcísio está errado em sua declaração de que o fato de não ser paulista não será levado em conta pelos eleitores do estado. Desde a redemocratização do Brasil, os eleitores paulistas nunca elegeram um governador que não nasceu em São Paulo. Mesmo durante a ditadura militar, quando não havia eleições diretas, apenas paulistas ocuparam o cargo.
O último governador forasteiro eleito em São Paulo foi Jânio Quadros, em 1955. Jânio nasceu em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, mas se mudou para São Paulo ainda no tempo de escola. É o mesmo caso de Washington Luís, governador entre 1920 e 1924. Luís ficou conhecido como o “paulista de Macaé” por ter nascido no interior do Rio de Janeiro, mas feito sua biografia política em São Paulo.
Tarcísio vai disputar as eleições com o objetivo de quebrar esse tabu, uma vez que é um político nascido no Rio de Janeiro e com carreira construída em Brasília. Para concorrer ao governo de São Paulo, o ministro recorreu à família da cunhada, que mora em São José dos Campos, uma vez que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) exige um endereço no estado para autorizar a candidatura.