Suvenir para militares e namorada no governo: um espião de Putin no Rio
O que se sabe sobre Gerhard Daniel Campos Wittich, que era treinado pelo governo russo e vivia no Brasil

Apontado como um espião russo em território brasileiro, Gerhard Daniel Campos Wittich morou no Rio de Janeiro por pelo menos cinco anos, tinha uma namorada brasileira com cargo no governo federal e comprou um imóvel próximo ao consulado dos Estados Unidos na capital fluminense.
O caso foi revelado pelos veículos gregos Zougla e Kathimerini e os detalhes foram divulgados em uma reportagem do jornal britânico The Guardian nesta segunda-feira, 3. Segundo a publicação, Campos Wittich se apresentava como filho de mãe brasileira e pai austríaco, mas era um espião russo treinado por anos pelo governo de Vladimir Putin para se passar por estrangeiro.
Ele foi dado como desaparecido pela namorada brasileira em janeiro, após ter dito que viajaria para a Malásia. Houve uma mobilização nas redes sociais do Brasil, da Malásia e até do Itamaraty para procurá-lo, mas Wittich teria sido localizado em Atenas, na Grécia. Foi aí que a inteligência grega descobriu que ele era um espião infiltrado.
Segundo o jornal, nos anos que passou no Rio de Janeiro, Wittich dirigiu uma empresa de impressão 3D que produzia esculturas de resina e chaveiros. Entre os clientes havia militares e agências do governo brasileiro. Uma das peças, de uma cobra verde fumando um cachimbo, foi vendida para o 1º Batalhão de Polícia do Exército como uma homenagem aos esforços do Brasil na II Guerra Mundial. Quando desapareceu, Wittich estava acabando de pagar uma sala comercial que comprou em um prédio localizado a menos de 50 metros do consulado americano no Rio.
A namorada brasileira de Wittich é veterinária e trabalha para o Ministério da Agricultura. No entanto, o russo é casado secretamente com uma mulher que se passava por uma fotógrafa greco-mexicana chamada Maria Tsalla, que também seria uma espiã treinada pelo governo russo. “Ela está muito assustada com essa situação e magoada pelo rompimento abrupto de um relacionamento que, aos olhos dela, era perfeito. Ela não desconfiava de nada”, disse um amigo da brasileira que namorou Wittich ao The Guardian.
A inteligência grega acredita que Wittich é um russo de sobrenome Shmyrev, enquanto Maria Tsalla se chamaria, na verdade, Irina Romanova. O paradeiro dos dois ainda é desconhecido.