Sites chineses dominam mercado ilegal das bets, diz especialista
Governo divulgou lista positiva com marcas autorizadas a funcionar e fala em 600 sites irregulares, mas o número pode ser muito maior

A “lista positiva” divulgada em duas edições na semana passada pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda elencou um rol de 205 bets que podem continuar funcionando até o final do ano, enquanto o processo de regularização termina seus últimos trâmites. Paralelo a isso, está prevista uma operação nesta semana depois do primeiro turno das eleições para tirar do ar cerca de 600 sites clandestinos que operam sem prestar contas ao governo das suas atividades. O número, citado pelo ministro Fernando Haddad, pode não apenas ser bem maior como é engordado por sites chineses.
“O mercado ficou vulnerável. Há mais de 2.000 sites chineses funcionando fora da regulamentação. Eles já têm cerca de 30% do mercado. Eles pagam muito bem influencers. São esses sites ilegais que causam transtornos e que estão sendo danosos para a sociedade e para o mercado de jogos que quer ser legal”, afirma Magnho José, diretor do Instituto Brasileiro do Jogo Legal, entidade que reúne pesquisadores do assunto e que participou da construção da regulamentação no âmbito da SPA.
Segundo o diretor, esses sites funcionam de forma descoordenada, sem necessariamente estarem ligados a uma empresa com um escritório e um CNPJ no Brasil — como exige a legislação. Além disso, os domínios que eles usam (o “endereço” que é colocado na URL) mudam constantemente, facilitando a aplicação de golpes e impedindo que os consumidores reclamem ou peçam seu dinheiro de volta. “É isso que contamina o mercado. Precisamos tirar o jogo da cesta de costumes, é uma atividade comercial”, afirma José.
A regulamentação das bets e os efeitos colaterais da proliferação vertiginosa desse mercado prometem ser um dos motes do cabo-de-guerra entre governo e oposição. O PL de Jair Bolsonaro deve se reunir após o primeiro turno das eleições para alinhavar as próximas ofensivas no Congresso e o próprio ex-presidente veio à público nesta quinta, 3, nas vésperas do pleito, criticar a ação do governo Lula.