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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Bruno Caniato, Isabella Alonso Panho, Heitor Mazzoco e Pedro Jordão. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Sem silêncio: 5 respostas da influencer Virginia Fonseca na CPI das Bets

Mesmo com aval do STF para ficar calada, influenciadora falou sobre lavagem de dinheiro, lucro com apostadores e hábitos seus e da família com jogos online

Por Pedro Jordão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 Maio 2025, 14h20 - Publicado em 13 Maio 2025, 14h19

A influenciadora digital Virginia Fonseca depôs na CPI das Bets na manhã desta terça-feira, 13, como testemunha, sobre a relação dela com as publicidades para casas de apostas online. Mesmo com um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) que a permitia ficar em silêncio nas questões que pudessem incriminá-la, Virginia respondeu a quase todas as perguntas dos senadores.

A primeira e única pergunta para a qual a influenciadora se negou responder foi sobre o maior valor que já recebeu para fazer propagandas de casas de apostas. “Me reservo o direito de ficar em silêncio”, disse rapidamente. No entanto, ela complementou ainda com a informação de que todos os valores que recebeu foram devidamente declarados à Receita Federal.

Veja outros pontos que a influenciadora ajudou a esclarecer:

1) Lucro sobre as perdas com jogos de seus seguidores
Já no início da sessão da CPI, Virginia foi questionada pelo senador Izalci Lucas (PL-DF) sobre as cláusulas de contrato que ela assinava, se era verdade que elas previam remuneração baseada em percentual de perda de apostadores influenciados por ela.

“Eu fechei o meu contrato com a Esportes da Sorte e, esse valor que eles me pagaram [para fazer publicidade], se eu dobrasse o lucro deles, eu receberia 30% a mais da empresa. Em momento algum era sobre perdas dos meus seguidores. Nunca teve isso no meu contrato. Mas isso nunca foi atingido, e eu nunca recebi um real a mais do que o meu contrato de publicidade, que eu fiz por dezoito meses”, disse a influenciadora.

A história de que ela recebia um percentual sobre as perdas de seguidores nas casas de apostas circulou nas redes sociais há algum tempo — Virginia nunca havia desmentido. “É até ótimo falar sobre isso, porque, na época, saiu na internet, e eu não pude responder por questão de confidencialidade [de contrato], eu não pude falar, eu apanhei calada. Muitas pessoas falando sobre, e eu fiquei calada. Mas o meu advogado me instruiu que, aqui, eu posso falar”, relatou.

2) Casas de apostas chinesas

Virginia também disse que só fez propagandas para duas casas de apostas, Esportes da Sorte e Blaze, e que elas são regulamentadas corretamente para funcionar no Brasil. No entanto, ela disse ter conhecimento da existência de outras empresas ilegais e chinesas que atuam em território nacional.

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“São várias, mas não têm nome. Essas plataformas chinesas não têm nome. É tipo um link e não tem nome. Não é uma casa de aposta como Esportes da Sorte e Blaze, que estão regulamentadas. A pessoa coloca o link e, depois, ele some. Eu não sei te dizer de onde vêm, do que é, como é feito. Já ouvi falar, mas eu não sei como funciona”, afirmou.

Segundo a influenciadora, algumas propostas de trabalho dessas empresas já chegaram para ela, mas, nenhuma teria sido aceita após a avaliação da equipe jurídica dela.

3) Possível lavagem de dinheiro 

Virginia negou saber se existe qualquer relação entre as casas de apostas com grupos criminosos para lavagem de dinheiro.

“A senhora me disse que não sabia que jogos de azar, essas plataformas em geral, estavam, inclusive, sendo utilizadas pelo crime organizado, pelas máfias? A senhora não sabia que, fora o jogo, há outros crimes acontecendo?”, perguntou a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que é relatora da CPI.

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4) Relação pessoal com os jogos

A influenciadora também falou que já jogou de verdade nas plataformas de apostas, não somente para publicidade e veiculação em suas redes sociais. Além disso, ela falou que a mãe e o marido dela também jogam.

No entanto, ao ser questionada se a mãe possuía uma conta própria para jogar, ela disse que não, que ela jogava com ela na conta pessoal dela. “A senhora consegue influenciar 53 milhões de brasileiros, mas não conseguiu que o marido e a mãe entrassem. Será que, se esse produto fosse realmente bom, eles não teriam contas próprias?”, criticou a relatora.

Em outro momento, Virginia defendeu a ideia de “jogar com responsabilidade”, sabendo que é possível ganhar dinheiro ou perdê-lo. “Ganhar dinheiro é mais divertido, mas não vou mentir para a senhora que, quando vou para Las Vegas, adoro ir para os cassinos”, declarou.

5) Contas demonstrativas para publicidade

Sobre o uso de contas próprias ou de terceiros, Virginia também informou não saber da existência de contas demonstrativas fornecidas pelas empresas, com eventual maior possibilidade de ganhos para serem filmados e divulgados.

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Ela disse usar sempre a própria conta e mostrar, inclusive quando perde, como exemplo das possibilidades dos jogos. “Minha intenção nunca foi lesionar ninguém. Se eu estiver lesionando, eu fico chateada, claro”, declarou.

Convocação e ida de Virginia ao STF

Virginia está em Brasília deste a manhã da segunda-feira, 12, quando viajou no jatinho particular dela com as duas filhas mais velhas, duas babás e um amigo que também é influenciador digital. O marido dela, o cantor e influenciador Zé Felipe, filho do cantor sertanejo Leonardo, acompanhou a mulher durante o depoimento na CPI.

Ela já havia confirmado que não tentaria deixar de participar da comissão. No entanto, na noite da segunda, ela foi ao Supremo Tribunal Federal para pedir o direito de ficar em silêncio em seu depoimento. O pedido foi atendido pelo ministro Gilmar Mendes. Ele disse que ela tem o direito de “não criar prova contra si mesma”, mas deixou claro que isso não se estenderá a perguntas sobre outros investigados pela CPI.

“O direito ao silêncio, que assegura a não produção de prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere), constitui pedra angular do sistema de proteção dos direitos individuais e materializa uma das expressões do princípio da dignidade da pessoa humana”, diz a decisão do ministro. Ainda assim, o magistrado afirma que “a paciente (Virginia) não tem o direito ao silêncio com relação a perguntas relacionadas a outros investigados, razão por que tem o dever de dizer tudo o que souber no sentido”.

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Virginia foi convocada (quando é obrigada a comparecer) a depor na CPI da Bets sobre a relação dela com a divulgação de casas de apostas nas redes sociais. A convocação foi feita ainda no ano passado, sob a justificativa de “sua expressiva popularidade e relevância no mercado digital, onde exerce forte influência sobre milhões de seguidores em diversas plataformas”. O agendamento, no entanto, foi feito na quarta-feira, 7.

Virginia possui 53,4 milhões de seguidores somente no Instagram, onde compartilha o dia a dia dela e de sua família e apresenta trabalhos de marketing de diversas marcas.

Outra influenciadora, Deolane Bezerra, também foi convocada para depor no colegiado, mas conseguiu no Judiciário o direito de não comparecer.

A CPI das Bets foi criada em novembro de 2024 e foi prorrogada até o meio de junho de 2025. Ela tem por finalidade investigar a crescente influência dos jogos de apostas online, se há lavagem de dinheiro por organizações criminosas, além da relação de divulgação dos influenciadores digitais.

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