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A política e seus bastidores. Com Laísa Dall'Agnol, Bruno Caniato, Isabella Alonso Panho, Heitor Mazzoco e Pedro Jordão. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Seis temores do bolsonarismo sobre Tarcísio ser o ‘herdeiro’ de Bolsonaro

Governador de SP é apontado como uma das alternativas da direita para 2026, mas apoiador 'raiz' do ex-presidente tem ressalvas ao seu comportamento político

Por José Benedito da Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 Maio 2025, 14h02 - Publicado em 19 Maio 2025, 12h10

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é com frequência apontado como uma das principais alternativas da direita para a eleição presidencial de 2026, já que o ex-presidente Jair Bolsonaro, ao que tudo indica, não terá condições legais de apresentar a sua candidatura.

Boa parte do eleitor “raiz” do ex-presidente, no entanto, tem muitas dúvidas sobre o comprometimento de Tarcísio em relação a alguns pontos que consideram importantes para definir quem será, afinal, o herdeiro do espólio eleitoral de Bolsonaro.

Como mostrou reportagem de VEJA na edição desta semana, cresce nesse círculo de apoiadores a sensação de que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro pode ser uma alternativa mais confiável para ser a herdeira do espólio eleitoral do marido. Nas pesquisas eleitorais, ela, inclusive, tem se saído melhor até do que Tarcísio.

Veja os principais pontos de desconfiança do bolsonarista “raiz” sobre Tarcísio:

Pouca pressão no STF

Aliados de Bolsonaro acham que Tarcísio poderia se valer mais da boa relação que tem com ministros do Supremo para interceder em favor do ex-presidente, mas avaliam que ele está mais preocupado em não prejudicar essas conexões e continuar se apresentando como alguém mais moderado, que não herdou a verborragia usual de Bolsonaro contra o Judiciário e as outras instituições da República. “É um grande nome, um dos principais atualmente e bom gestor, mas peca em não tocar no principal problema do Brasil hoje que é a ditadura do Judiciário”, diz um interlocutor próximo de Bolsonaro. A prova de fogo para Tarcísio será o dia 30 de maio, quando está marcado o seu depoimento no STF como testemunha de defesa de Bolsonaro no processo da tentativa de golpe — o mais provável no entanto é que Tarcísio faça apenas uma defesa protocolar do ex-presidente.

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Falta de empenho por anistia

Apoiadores mais à direita de Bolsonaro também avaliam que Tarcísio não joga todo o seu peso para fazer andar a versão mais ampla da proposta de anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro que está tramitando na Câmara – e que, em última instância, pode ajudar o ex-presidente. Mesmo na fase de coletas de assinaturas para propor o regime de urgência na tramitação da proposta, a avaliação era a de que ele não colocava pressão nem mesmo em seu partido, o Republicanos, cujos líderes hesitaram inicialmente em aderir à proposta e pela qual nunca se empenharam de fato — pouco mais da metade da bancada do partido assinou o requerimento de urgência. O presidente da Câmara, Hugo Motta, que é do Republicanos, é o principal obstáculo, aliás, ao andamento da iniciativa.

Frente com governadores

Nos últimos dias também pesou contra Tarcísio a abertura que ele deu para a movimentação de governadores de centro-direita que visa construir uma alternativa para 2026. O movimento, vocalizado pelo ex-presidente Michel Temer, atraiu logo na primeira hora Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Junior (Paraná), mas, contatado por Temer, o governador de São Paulo e o gaúcho Eduardo Leite também sinalizaram para que a discussão ganhasse tração. A busca de uma candidatura à direita, mas fora da redoma bolsonarista, incomodou o ex-presidente e foi tornada pública por gente próxima a ele. “Se continuarem nessa palhaçada de ‘direita sem Bolsonaro’, eu vou manobrar dia e noite por uma chapa pura’, disse Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro e um dos seus aliados mais próximos. “Não vai rolar ‘apropriação indébita’ de capital político. Isso é certeza”, completou. Questionado por jornalistas durante evento em Nova York na segunda-feira 12, Tarcísio foi bastante econômico. “Não, não existe”, disse apenas ao ser indagado se há uma direita sem Bolsonaro. Mas já emendou que não era hora de tratar de 2026. “Está muito cedo, falta um ano e pouco para a eleição. Tenho que pensar agora em entregar resultado”, declarou.

Proximidade de Kassab

A articulação de Temer por uma candidatura alternativa na oposição a Lula não é a única coisa que incomoda os aliados de Bolsonaro. A presença — e influência — de Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD junto a Tarcísio também é vista como um problema. Secretário de Governo e Relações Institucionais da gestão paulista, Kassab tem se movimentado nos últimos meses para fortalecer o PSD para 2026, em movimento que, ao menos até agora, prescinde de Bolsonaro. Há poucos dias filiou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (ex-PSDB), que chegou à sigla falando como candidato ao Planalto — a legenda já tem Ratinho Junior, governador do Paraná, além de não descartar (muito pelo contrário) apoiar Tarcísio numa corrida presidencial. Tudo isso sem citar Bolsonaro, de quem Kassab nunca foi próximo.

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Não se encaixa em plano de Bolsonaro para 2026

Também joga contra Tarcísio o fato de ele não se encaixar no plano de Bolsonaro para 2026. O ex-presidente disse várias vezes que, mesmo inelegível, vai registrar a sua candidatura a presidente e esperar até  os “48 minutos do segundo tempo” para a Justiça Eleitoral confirmar a sua inelegibilidade. Nesse caso, como fez Lula com Fernando Haddad em 2018, ele cederia a vaga de cabeça de chapa ao seu vice. Nesse plano, não caberia Tarcísio, que não vai trocar uma reeleição quase certa em São Paulo pela arriscada possibilidade de liderar uma chapa presidencial apenas a semanas da votação — esse papel ficaria melhor com alguém da família do ex-presidente, como Michelle ou um de seus filhos. Também é corrente entre aliados de Tarcísio que, mesmo que ele disputasse a eleição e fosse eleito presidente, não seria alguém que seria “teleguiado” no cargo por Bolsonaro, condição que talvez o ex-presidente não abra mão.

Resistência em trocar de partido

Outro fator importante a causar desconfiança é a relutância de Tarcísio em ir para o partido controlado por Bolsonaro, o PL. Rumores sobre a troca circularam bastante no ano passado, foi dada até como certa, mas o governador continua no Republicanos, uma sigla independente de Bolsonaro, e não dá mostras que fará um movimento diferente.

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