‘São Paulo vive sua pior crise na segurança’, diz ex-ouvidor das polícias
Bendito Mariano exerceu o cargo em São Paulo por sete anos e foi substituído nesta semana por Mauro Caseri, advogado filiado ao PT

O ex-ouvidor das polícias de São Paulo, o sociólogo Benedito Mariano, disse nesta quinta-feira, 13, que o estado de São Paulo, que a segurança pública vive “sua maior crise desde a transição democrática”, devido aos episódios de aumento de letalidade policial somados às recentes investigações que prenderam policiais (civis e militares) e delegados por suposto envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando Capital, o PCC.
As investigações que levaram a essas prisões começaram por conta do assassinato do empresário Vinicius Grtizbach, delator da organização criminosa, à luz do dia no aeroporto mais movimentado do país, em Guarulhos. Investigado por lavagem de dinheiro para a facção, ele estava no meio de um processo de delação premiada em que denunciava corrupção dentro das polícias quando foi assassinado. A crise respinga nas pretensões polícias do atual secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL-SP), como mostra reportagem de VEJA desta semana.
“É inaceitável termos policiais envolvidos com o crime organizado. São Paulo vive sua pior crise da segurança pública em toda a transição democrática”, disse Mariano, que foi ouvidor das polícias do estado por sete anos. As declarações foram feitas durante a cerimônia de posse do novo ouvidor, o advogado Mauro Caseri.
Hoje, o ouvidor é escolhido pelo governador por uma lista tríplice elaborada pelo Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana). Caseri é advogado e filiado ao Partido dos Trabalhadores. Além dele, estavam na lista Cláudio da Silva, ouvidor da gestão passada, e Valdison da Anunciação Pereira. No seu discurso de posse, Caseri fez uma referência ao filme “Ainda estou aqui”, obra brasileira indicada ao Oscar que conta a história de Eunice Paiva, viúva do ex-deputado Rubens Paiva, assassinado pela ditadura.
Durante o evento, a ouvidoria apresentou dados do seu trabalho ao longo de 2024. Segundo o órgão, que é vinculado à Secretaria de Segurança Pública, o estado teve 750 vítimas de letalidade policial ao longo do ano passado — número substancialmente maior que os 676 casos divulgados pelo Ministério da Justiça –, sendo a sua maiora (746) homens negros (58,67%).