São Paulo: como quatro prefeitáveis gastam o dinheiro da Câmara
Tabata é quem mais usa a cota parlamentar, e Kataguiri, o mais econômico; Boulos e Salles empatam
Eles são rivais no discurso e na caça aos votos, mas bem próximos quando se trata do uso de recursos públicos para o exercício da atividade parlamentar. Estreantes na Câmara dos Deputados em 2023, Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Ricardo Salles (PL-SP) gastaram 412 mil reais da cota parlamentar cada um ao longo do ano, segundo dados oficiais da Casa. Entre os pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo em outubro, só perderam para a colega Tabata Amaral (PSB-SP), que superou por pouco a conta, alcançando 455 mil reais. Nesse ranking, o mais econômico é Kim Kataguiri (União-SP), que usou ‘apenas’ 239 mil reais nos doze meses de 2023.
A chamada Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) custeia as despesas do dia a dia do mandato, como passagens aéreas, aluguel de veículos, escritório político e conta de celular. O valor mensal varia de acordo com o estado do parlamentar e, quando não utilizado, fica acumulado ao longo do ano. É isso que explica porque em alguns meses o total gasto pode ser maior que a média mensal, que, no caso de São Paulo, é de 42.837,33.
Apesar de terem consumido o mesmo valor da cota, Boulos e Salles diferem no tipo de gasto. O ex-ministro do Meio Ambiente do governo Jair Bolsonaro, por exemplo, aplicou 104.074 reais no aluguel de veículos, tipo de despesa não realizada pelo ex-líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto. O deputado do PSOL resolveu priorizar a divulgação de seu trabalho. Para tal, pagou 208.130 reais, o que equivale a 50,5% do total.
Investir na imagem e na chamada prestação de contas do mandato também foi a principal escolha de Tabata ao definir os gastos de sua cota parlamentar. A deputada usou 202.297 reais para essa finalidade e 119.903 com passagens aéreas. E é neste quesito, aliás, que Kim superou seus eventuais adversários à corrida municipal paulistana. No ano passado, o parlamentar que ainda tenta apoio interno para se lançar candidato pagou 226.221 reais em bilhetes.
A comparação financeira favorece Kim em outros dois critérios: o deputado em segundo mandato não usa apartamento funcional — nem pede auxílio-moradia — e também é o que menos gasta com a verba de gabinete, valor destinado a pagar os salários de até 25 secretários parlamentares, que trabalham para o mandato em Brasília ou nos estados. Neste ranking, Boulos lidera (1.017.920,46 reais), seguido por Tabata (965.910,89), Salles ( 931.588,33) e Kim (814.760,65). Cada deputado tem direito a 118.376,13 reais por mês.
Isso tudo, claro, sem contar o salário mensal de 41.650,92 reais, bem maior do que o de prefeito de São Paulo. Ricardo Nunes (MDB) recebe 35.462 reais por mês.