Rússia estuda usar armas nucleares no espaço, diz chefe da OTAN
Declaração de Mark Rutte foi publicada neste sábado em entrevista ao jornal alemão Welt am Sonntag

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Mark Rutte, diz temer que a Rússia esteja considerando o emprego de armas nucleares no espaço para atingir satélites em órbita. A informação é do jornal Welt am Sonntag, da Alemanha, em entrevista com Rutte publicada neste sábado, 12.
“Estamos cientes de relatos de que a Rússia está examinando a possibilidade de posicionar armas nucleares no espaço”, disse Rutte ao veículo alemão. Segundo o secretário-geral, a tecnologia espacial russa está defasada em relação a países do Ocidente, e a manobra é “preocupante”. “O desenvolvimento de armas nucleares no espaço é uma maneira de a Rússia aprimorar suas capacidades”, afirmou.
A possível mobilização nuclear russa, caso confirmada, representaria uma violação dos acordos internacionais que regem a exploração espacial. O Tratado do Espaço Sideral, assinado em 1967 por mais de cem países, incluindo a Rússia, proíbe os Estados de “posicionar armas nucleares ou outras armas de destruição em massa em órbita ou em corpos celestiais, ou estacioná-las no espaço sideral de qualquer outra maneira”.
Perigo nuclear coloca em risco serviços na Terra
Segundo o monitor global Orbiting Now, existem mais de 12.000 satélites e outros objetos atualmente na órbita terrestre. Na entrevista, Rutte alerta que uma escalada da guerra para o espaço ameaça não apenas as capacidades de defesa e dissuasão militar dos países, mas dezenas de serviços que dependem de satélites, como telecomunicações, geolocalização e previsões meteorológicas. “Nos últimos anos, o espaço se tornou cada vez mais superlotado, perigoso e imprevisível”, ressalta o chefe da OTAN.
A entrevista publicada neste sábado contradiz declarações recentes do próprio Mark Rutte. Em 1º de outubro do ano passado, data em que assumiu a liderança da OTAN, o ex-primeiro-ministro dos Países Baixos havia afirmado que não via ameaças nucleares iminentes por parte da Rússia, a despeito da retórica “inconsequente e irresponsável” do presidente Vladimir Putin.
Até a última atualização desta reportagem, o governo russo ainda não havia se manifestado oficialmente sobre a possibilidade de mobilizar armas nucleares no espaço.