‘Rei do Gado’: operação da Receita mira esquema que sonegou quase R$ 1 bi
Quadrilha, que tinha braços em São Paulo, Maranhão, Minas Gerais, Distrito Federal, Goiânia e Palmas, fraudava impostos com a venda de bois
Uma megaoperação da Receita Federal e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público do Maranhão prendeu uma pessoa e cumpriu cinquenta mandados de busca e apreensão contra membros de uma quadrilha que, entre julho de 2020 e abril de 2023, sonegou impostos em operações de venda de bois que, somadas, chegam à casa de 1,4 bilhão de reais.
A quadrilha funcionava da seguinte forma: primeiro, funcionários do próprio governo inseriam dados falsos nos sistemas de controle e permitiam a emissão de guias de trânsito animal (as GTAs, documento que é requisito para transportar animais de um estado para o outro) falsas. A partir das GTAs falsas, contadores emitiam notas fiscais.
Havia um grupo de “laranjas”, formado pelos líderes do grupo, empresas, familiares e funcionários seus, que emprestava o nome para a emissão dessas notas fiscais. No período em que foi investigado, o grupo emitiu 6.947 notas referentes à venda de 448.887 cabeças de gado. Esses animais eram vendidos a frigoríficos de São Paulo, onde ocorria o abate.
Os servidores públicos alvos da operação foram suspensos das suas funções e a Justiça concedeu o bloqueio de bens dos suspeitos, o que totalizou 67 milhões de reais.
A Receita Federal divulgou um infográfico explicando como funcionava a operação. Veja a seguir:
De acordo com o órgão, a organização criminosa tinha braços em cidades do estado de São Paulo (Bálsamo, Cardoso, Macedônia, Rancharia, Santa Fé do Sul e Votuporanga); Maranhão (Açailândia, Imperatriz e Itinga do Maranhão); Minas Gerais (Bambuí e Luz); no Distrito Federal (Brasília); Goiás (Goiânia); e Tocantins (Palmas).
Referência à novela
O nome escolhido para a operação é uma referência à novela Rei do Gado, que passou na televisão no final dos anos 90. O protagonista era chamado de “rei do gado” por ser, na ficção, um dos maiores produtores do Brasil.